12 de set. de 2009

[Textos] Nota do MAB sobre o caso dos trabalhadores mantidos como escravos nas obras da Votorantim

Nota do MAB sobre o caso dos trabalhadores mantidos como escravos nas obras da Votorantim
A Votorantim, mais uma vez, mostrou como trata os trabalhadores pobres do Brasil. As empresas donas de hidrelétricas, para obterem altas taxas de lucro, submetem os trabalhadores a uma situação semelhante à de trabalho escravo. O fato ocorrido com os 98 trabalhadores nas obras da Usina Salto do Rio Verdinho, no interior de Goiás não é algo isolado, ao contrário, é uma tendência em todos os empreendimentos. Lembramos abaixo episódios parecidos que aconteceram em março de 2008, também envolvendo a empresa Votorantim:
 Na divisa dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, operários que trabalhavam na construção da Usina Hidrelétrica Foz do Chapecó paralisaram as obras. O fato que deu início ao protesto foi o espancamento de um trabalhador pelos seguranças das empresas responsáveis pela obra, que são a Votorantim, Camargo Correa e Bradesco. As queixas foram: baixos salários; “aprisionamento” dos trabalhadores dentro do canteiro de obra; baixa qualidade da alimentação; insegurança - os que são vítimas de acidentes de trabalho não têm recebido tratamento adequado; e repressão interna.
Também em março do ano passado, um grupo de operários que trabalhavam na construção do complexo industrial da Votorantim Celulose e Papel (VCP) e da International Paper, em Três Lagoas (MS), fizeram uma manifestação em um dos pavilhões do alojamento que abriga 1,2 mil funcionários. Segundo relatos divulgados pela imprensa local, ao chegar ao alojamento naquele dia, o grupo foi impedido de comer, pois a empresa não permite refeições fora dos horários estabelecidos. Além disso, os funcionários classificaram a rotina no alojamento como a de uma prisão, já que não têm liberdade de saírem quando querem.
O MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) lamenta que obras financiadas pelo BNDES, ou seja, com dinheiro público, como é o caso da Usina Salto do Rio Verdinho, tratem os trabalhadores dessa maneira. O discurso do “desenvolvimento”, sempre dito pelos donos das usinas mais uma vez é questionado: “desenvolvimento para quê e para quem?” Com certeza ele não virá para o povo.
Exigimos a imediata punição dos responsáveis e a devolução do dinheiro do BNDES investido nessa obra. Dinheiro público deve servir para o desenvolvimento do povo e não para o de poucas empresas.
ÁGUA E ENERGIA NÃO SÃO MERCADORIAS
Coordenação Nacional do MAB
Nota de apoio à greve dos trabalhadores das usinas do Complexo Madeira
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) vem por meio desta, prestar solidariedade aos trabalhadores das obras das usinas de Santo Antonio e Jirau, no Rio Madeira (RO), que entraram em greve na manhã de ontem (08/09). As empresas Odebrecht, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez mostraram mais uma vez qual é o tratamento dado aos trabalhadores: baixos salários, condições de transportes inadequadas, falta de segurança, assédio moral no trabalho e opressão da Policia Militar. 
O setor elétrico gasta grandes quantidades de dinheiro público (via BNDES) para gerar poucos empregos. Pelo histórico de construção de barragens, nós sabemos que após a construção das obras, os trabalhadores serão demitidos, restando apenas uns poucos especialistas para gerenciar a usina. O mínimo que as empresas devem fazer é tratar bem os funcionários, pagar salários adequados e garantir melhores condições de trabalho, já que esses trabalhadores já estão com os dias de trabalho contados.  
As empresas vão faturar mais de R$ 115 bilhões com a venda da energia das duas hidrelétricas, mais R$ 22 bilhões com a transmissão e mais de 130 bilhões com a distribuição. Para o povo, sobrará a conta para pagar e os problemas causados em conseqüência da privatização do Rio Madeira e da construção das hidrelétricas.
Repudiamos toda forma de maus-tratos e injustiças contra os trabalhadores das obras das usinas e reafirmamos nossa luta contra a venda do Rio Madeira e em defesa da Amazônia e das comunidades atingidas.
Coordenação Nacional do MAB

Setor de Comunicação – MAB
Fone/fax: (11) 3392-2660
www.mabnacional.org.br

Natália Paulino
Secretaria Operativa da Vía Campesina - Brasil