24 de nov. de 2006

[Debates] Carta dos estudantes de Teoria Sociológica II sobre o incidente com a profª Elisabeth Farias

Segue em anexo uma carta elaborada por estudantes da disciplina Teoria Sociológica II, relatando a áspera discussão que tivemos com a professora Elizabeth Farias da Silva na aula de ontem(24/11). Nessa discussão, a professora demonstrou em termos claros sua concepção sobre a relação entre professor e alunos, e também sua capacidade de aceitar críticas. Vale ressaltar que a professora só cedeu de sua posição quando alguns alunos ameaçaram deixar a sala de aula. Esse é mais um exemplo de abuso de poder dentro da sala de aula, onde alguns professores se utilizam de hierarquia para fazerem o que bem entenderem, principalmente humilhar e ridicularizar uma turma inteira, e depois continuar a aula como se nada tivesse acontecido. A divulgação dessa nota serve para mostrar que os alunos não irão esquecer o ocorrido, e também para alertar estudantes de outras turmas que eventualmente passaram e passam pela mesma situação(inclusive com a mesma professora) e não tem a quem recorrer. Não podemos nos calar a esse tipo de absurdo... Acredito que podemos fazer um debate sobre esse assunto e também podemos pensar numa forma de avaliação das aulas a que somos submetidos (se os professores nos avaliam, nos cabe o direito de avaliá-los também)...
Eduardo Perondi
Estudante de Ciências Sociais

AUTORITARISMO EM SALA DE AULA


No dia 23/11/06, precisamente às 18:50 hs, o acadêmico Gabriel de Jesus da Paixão adentrou a sala de aula, dirigindo-se a seu lugar para a consecução da mesma. Pelo forte calor que estava dentro da sala, o aluno Gabriel pediu à professora Elizabeth Farias da Silva se poderia abrir a porta da sala a fim de minimizar o calor. Num ímpeto, a professora disse que era uma funcionária pública e que todos os acadêmicos fariam parte, um dia, da elite do país. O aluno Gabriel interrogou-a, se a mesma também não fazia parte desta elite – pelo menos no campo intelectual – quando num ataque de histeria e deselegância, a professora dirigiu-se ao aluno para que este permanecesse em silêncio, dizendo “Gabriel, pra ti deu!!!” O acadêmico persistiu na pergunta e a professora, retrucando com tom de voz alto e áspero, retirou-se da sala de aula.

Perplexos, os alunos mantiveram-se em sala, sendo que alguns dirigiram-se à Coordenação do Curso a fim de resolver a situação; infelizmente a coordenação encontrava-se fechada. Minutos depois, a professora retornou à sala de aula, aparentemente consternada e arrependida de seu ato, onde iniciou-se uma conversa educada, pela parte dos acadêmicos, vindo à tona problemas antigos relacionados ao comportamento arrogante e prepotente da professora. A mesma, na tentativa de depreciar o intuito dos alunos em compreender o porquê da caótica situação, enfatiza, de modo exaltado, que os acadêmicos que chegam atrasados não têm direito de reclamar ou manifestar suas intenções pessoais de maneira pública e transparente. Após sofrer, por parte de praticamente todos os presentes, inúmeras assertivas contrárias a sua postura profissional, a professora ressaltava que a autoridade presente se fazia na sua pessoa. Os acadêmicos exigiram uma retratação com a classe, e a professora negou-se a fazê-lo.

Após praticamente uma hora de embate, vieram à superfície termos como “anacrônico”, “ignorante” e “ultrapassado”, termos estes que fazem parte do rol de terminologias que a professora costumeiramente dirige a esta classe. Os alunos esclareceram à mesma, que a questão das observações não são de cunho pessoal, mas que reiteram academicamente as observações da professora de modo a progredirem como estudantes e graduandos que são. Entretanto, no ambiente de sala de aula, alguns alunos sentiram-se menosprezados e desrespeitados, sendo que a professora não reconheceu tal comportamento equivocado de sua parte.

Enfim, a professora comprometeu-se em reavaliar seu méritos e métodos, numa conversa paralela e dialogal, sem a presença de uma terceira parte presente, por parte da Coordenação. Reiteraram-se os pontos e a mesma resolveu transformar sua metodologia e didática, além de reciclar-se frente às novas demandas da modernidade acadêmica no ensino superior. Após ter sido colocada na parede, a professora Elizabeth comprometeu-se em autocriticar-se; o acordo resolveu momentaneamente o problema e a aula transcorreu. Esta ata foi redigida única e exclusivamente com o intuito de deliberar este imbróglio, sendo que não haverá uma próxima vez, nem evento semelhante a este, que põe em xeque as boas práticas da democracia e do livre exercício da aprendizagem. Esperamos as providências cabíveis.

Alunos da disciplina Teoria Sociológica II