No site do SINTUFSC foram divulgadas fotos da da cozinha do restaurante universitário. A situação dela é assustadora, completamente insalubre.
Dá para vê-las neste link: http://www.sintufsc.ufsc.br/periodicos/ru/ru.htm
Vagner Boni
Segue a reportagem do site também:
10/05/2007 - No dia 3 de maio, quinta-feira, os trabalhadores do quadro permanente e terceirizados do Restaurante Universitário (RU), da Universidade Federal de Santa Catarina, decidiram paralisar as atividades em protesto contra as péssimas condições de trabalho na cozinha do restaurante. Já faz bastante tempo que os trabalhadores reclamam da precariedade dos equipamentos e utensílios que põem em risco a vida de quem trabalha na cozinha, sem encontrar eco junto à direção e a administração da UFSC.
Lucilene Souza é funcionária do RU há mais de 20 anos e conta que os utensílios da cozinha do restaurante estão defasados. Muitos dos materiais estão estragados e enferrujados, e necessitam ser trocados. Os "panelões" onde são preparados os alimentos quentes, por exemplo, já têm mais de 30 anos de uso e nunca foram trocados. Somente são feitos reparos, quando surgem problemas mais sérios. Apenas um funcionário do restaurante é responsável pela manutenção de todos os equipamentos da cozinha. Lucilene e outros trabalhadores lembram facilmente dos numerosos acidentes que alguns companheiros sofreram durante o exercício do trabalho.
No dia 2 de maio, a tampa de um dos panelões despencou e, por muito pouco, um dos trabalhadores não se machucou gravemente. Carlos Anselmo dos Santos estava retirando feijão da panela quando as molas que seguram a tampa se romperam, e ela caiu. Os companheiros que o socorreram também ficaram muito assustados e não têm dúvidas de que houve praticamente um milagre. "Ele renasceu!". Carlos é um dos 25 trabalhadores terceirizados do RU. Está na função há quase três anos e nunca tinha passado por situação semelhante. Conta que na hora do acidente só conseguiu lembrar dos quatro filhos que cria sozinho. O mais velho tem 13 anos, e a mais nova, seis. "Como eles iriam sobreviver se acontecesse algo de grave comigo?" - pergunta angustiado.
Inseguros, e com medo de novos acidentes, os trabalhadores do RU se reuniram na manhã do dia 3 e, por maioria, optaram por parar as atividades até que a situação seja resolvida. A diretora do RU, Carla Fernanda Silva Athayde, participou da reunião com os trabalhadores e buscou encaminhar o problema junto à Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis. Quem veio falar com os trabalhadores representando a pró-reitoria, foi o diretor do Departamento de Assuntos Estudantis, Eugênio Luiz Gonçalves. Após ouvir as reclamações dos trabalhadores, o diretor chegou a propor que eles trabalhassem segurando a tampa da panela danificada, ou que fosse amarrada uma corda na tampa, para não interromper o trabalho. Os trabalhadores, indignados com a sugestão, se recusaram a seguir trabalhando.
Sem acordo, os trabalhadores elaboraram um comunicado à comunidade universitária, a fim de dialogar e explicar a todos o motivo da paralisação. Durante o horário de almoço, ficaram na frente do restaurante, entregando o documento e explicando aos estudantes a situação do RU.
Fernanda Peres, estudante de Psicologia, ia almoçar no RU e recebeu o documento. Ela se interessou pela luta dos trabalhadores e pediu para conhecer a cozinha. "A gente sempre está do lado de fora e não vê a realidade aqui dentro. Estou apavorada", comentou, quando viu a precariedade dos equipamentos e das instalações. Fernanda, assim com a maioria dos estudantes que pararam para ouvir os trabalhadores, apoiou a paralisação e se comprometeu a ajudar.
Mais terceirização?
Mais tarde, uma nova reunião dos trabalhadores foi realizada. Desta vez, além da diretora do RU e do diretor do departamento de assuntos estudantis, estava presente também o pró-reitor de Desenvolvimento Humano e Social, Luiz Henrique da Silva. Eles se comprometeram a enviar uma comissão da segurança do trabalho para fazer uma inspeção e um relatório sobre as condições de trabalho no RU, ainda na quinta-feira. Enquanto a situação não estiver resolvida, a administração da universidade contratou uma empresa fora da UFSC para fazer a comida, que está sendo servida pelos funcionários do RU. Eles também fazem a salada e a sobremesa com frutas. São mais de quatro mil refeições diárias com um custo em torno de 4 reais a bandeja e, com essa solução, muito mais dinheiro vai ser gasto do que seria se os equipamentos fossem sendo repostos ao longo dos tempos. Coisa de má administração.
A empresa que presta assistência aos equipamentos utilizados na cozinha do RU, Brasme Brasil Mecânica, foi chamada pela administração para realizar uma inspeção e apresentar um laudo sobre as condições dos equipamentos. A proposta é fazer uma reforma no que estiver comprometido. Os funcionários do RU não aceitam esta proposta e exigem que os equipamentos sejam trocados e não reformados.