26 de jun. de 2009

[UFSC] Perdendo os dedos, mas não a ANEL

Olá Pessoal!!

A carta abaixo é o relato e o posicionamento de alguns dos delegados que foram ao Congresso Nacional dos Estudantes no Rio de Janeiro, inclusive o meu e do Heron.
Espero que contribua para a discussão do posicionemto do Calcs!

Abraços,
Carol

Perdendo os dedos, mas não a ANEL

No período do dia 11 a 14 de junho de 2009 houve um encontro de estudantes Universitários e secundaristas de vários estados do país na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Campus Fundão, que constituiu no que foi chamado de Congresso
Nacional dos Estudantes (CNE). O evento tinha por finalidade, a princípio, lançar
diretrizes para a mobilização do Movimento Estudantil de caráter nacional.
O CNE recebeu, para a sua construção, a inscrição de 16 teses, todas com o intuito de apontar propostas e resoluções para uma reorganização do Movimento Estudantil, partindo de uma análise conjuntural.
Uma das principais pautas dizia respeito à tomada de posição quanto a uma entidade já existente: a UNE (União Nacional dos Estudantes). De certo modo, havia um consenso de todos e todas os/as participantes em realizar uma crítica à UNE, principalmente pelo fato da mesma não ser mais representativa para o Movimento Estudantil, uma vez que se vincula ao governo e se posiciona ao lado do conjunto de projetos da Reforma da Educação, criticado pela grande maioria dos estudantes em todo
o país. Além disso, se coloca contra a atuação de parte significativa do Movimento
Estudantil – principalmente sua desarticulação, sem uma direção organizativa Nacional, durante as ocupações de reitoria em todo o país nos anos de 2007 e 2008. As posturas que destoam sobre a UNE vão no sentido de romper ou atuar por dentro da mesma.
Assim, paradoxalmente, a tentativa de uma organização nacional poderia se coordenar
paralelamente à outra organização já existente (embora largamente questionada).
Nesse sentido, o CNE viria abarcar esse conjunto de estudantes que não se vêem mais representados pela UNE, que ocuparam reitorias (e vem ocupando) desde 2007, lutando contra o REUNI e por melhores condições de ensino, que percebem que essa entidade está extremamente aparelhada pelo PC do B (Partido Comunista do Brasil), que defende as políticas neoliberais para o ensino e vai contra a luta d@s estudantes, estando do “outro lado da trincheira”! Esse seria o público do CNE, “o movimento estudantil combativo”!
Entretanto, o espaço do CNE não foi democrático! Não se priorizaram os momentos de discussão e debate, várias atividades foram suprimidas da programação original (tendas de teses, painéis, murais, etc.) com o argumento de que o tempo era
escasso em virtude de atrasos. Porém, priorizaram-se espaços para apresentar o PSTU
(Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado) aos militantes estudantis presentes no congresso.
A tese defendida pelos companheiros do PSTU, “Outros maios virão”, foi nitidamente majoritária nos debates; camisetas e acessórios desse mesmo partido circulavam em grande número na UFRJ, transparecendo que tal congresso se tratava de um grande encontro nacional do PSTU. Os debates durante todo o CNE não foram entorno das lutas nacionais e regionais como foi proposto em sua construção e divulgado. O eixo central do congresso foi a criação de uma nova entidade, a ANEL (Assembléia Nacional dos Estudantes Livre), proposta pela tese majoritária.
A partir disso, o que se observou foi que as decisões já estavam tomadas e que
a plenária final era apenas um “espaço consultivo” e de barganha com outras vertentes
políticas minoritárias presentes no CNE.
Voltamos do CNE com uma nova entidade estudantil, a ANEL. Uma entidade sem programa e idealizada por um partido político, o PSTU. Nós, delegados, nos abstivemos na votação para construção de uma nova entidade, não exatamente por não concordar com sua criação, mas por entender que estávamos representando nossas bases e cientes que as mesmas não tiveram a oportunidade de discutir sobre a necessidade do surgimento de uma nova entidade para representar o Movimento Estudantil, bem como em que moldes se dará essa construção. Portanto, nós, delegados e participantes, constatamos que nem UNE, nem ANEL representam a base do Movimento Estudantil brasileiro.

ASSINAM:
Carolina Cavalcanti do Nascimento (Ciências Sociais)
Fabiano Garcia (História)
Heron Gabriel Duarte (Ciências Sociais)
Isabel Brustolin (História)
Mateus Pinho Bernardes (História)
Michelly Christine Vieira (História)
Sergio Luis Schlatter Junior (História)

Rio de Janeiro, 14 de junho de 2009