16 de mar. de 2010

[Poesia] Não iremos embora


Não iremos embora
Aqui
Sobre vossos peitos
Persistimos
Como uma muralha
Em vossas goelas
Como cacos de vidros
Imperturbáveis
E em vossos olhos
Como uma tempestade de fogo
Aqui
Sobre vossos peitos
Persistimos
Como uma muralha
Em lavar os pratos em vossas casas
Em encher os copos dos senhores
Em esfregar os ladrilhos das
cozinhas pretas
para arrancar
A comida de nossos filhos
De vossas presas azuis
Aqui sobre vossos peitos
Persistimos
Como uma muralha
Famintos
Nus
Provocadores
Declamando poemas
Somos os guardiões da sombra
Das laranjeiras e das oliveiras
Semeando as idéias como o
fermento na massa
Nossos nervos são de gelo
Mas nossos corações vomitam fogo
Quando tivermos sede
Espremeremos as pedras
E comeremos terra
Quando estivermos famintos
Mas não iremos embora
E não seremos avarentos com nosso
Sangue
Aqui
temos um passado
E um presente
Aqui
Está nosso futuro.

——
Houve a escolha do nome da chapa, a qual ficou como “Não iremos embora*. A ideia surgiu de uma poesia de Tawfic Zayyad, palestino de Nazaré, que e considerado um pioneiro da poesia de resistência