Educação: repetência e aprovação
Publicado por: Antonio Ozaí da Silva em: 17/10/2009A repetência nem sempre se explica pelo fato do aluno ser relapso. Ela também ocorre por fatores que não dizem respeito apenas aos estudantes (problemas estruturais internos e externos à universidade, questões concernentes à docência, etc.). Na verdade, o sistema de avaliação não é tão exigente como parece. A rigor, a nota mínima exigida é baixa e se o aluno não consegui-la tem a chance do exame final. O estudante que saiba minimamente “empurrar com a barriga” não reprova. Qual a diferença entre um aluno aprovado nestas circunstâncias e o que foi reprovado?
Eis a questão central: a prova não prova nada. E por que não? Porque o que predomina é o ensino decoreba. Desde a mais tenra idade o aluno é estimulado a memorizar conteúdos que servem unicamente para tirar nota e passar de ano. Ele não aprende, memoriza. Sua motivação restringe-se à necessidade de ir bem na prova. Ele é treinado para passar no vestibular e chega à universidade, quando consegue, com graves deficiências em sua formação.
O sistema escolar não pressupõe a reflexão crítica sobre os conteúdos, as didáticas, a autoridade professoral e, menos ainda, o amor ao saber. O aluno chega à universidade com o pensamento fixo na nota e perde a curiosidade pelo saber; preocupa-se apenas em passar de ano e, para isto, valem todos os artifícios.
O professor também trabalha com este paradigma. Em geral, sua atitude docente restringe-se a passar o conteúdo e cobrá-lo num determinado dia. Então, o aluno deve provar que aprendeu, ou melhor, que memorizou. É justo avaliar o aluno por um momento da sua vida acadêmica? E se naquele fatídico dia, o aluno esforçado, estudioso, teve um problema pessoal que o desestabilizou emocionalmente e comprometeu o seu desempenho? E se simplesmente deu um branco?
O aluno chega à universidade e se depara com um sistema que prioriza a nota e não o aprendizado. Há uma overdose de disciplinas e conteúdos. Ele fica perdido em meio a tantas exigências, textos, livros para ler, etc. Ele descobre estratégias de sobrevivência, que pressupõe até mesmo a cola, os trabalhos encomendados, a reprodução de conteúdos, etc. O que importa é o canudo.
Ninguém pergunta se tal ou qual disciplina lhe interessa, o que é mais importante para a sua formação, etc. Tudo lhe é imposto: disciplinas, conteúdos, formas de avaliação. Não seria melhor acreditar na sua capacidade de discernir, valorizá-lo como agente do aprendizado – e não restringi-lo a objeto cuja função é reproduzir o saber do professor – e motivá-lo a aprender a ser livre e responsável?
O sistema de ensino fortalece o poder do professor. Este, ao confundir autoridade com autoritarismo, desempenha o papel de um pequeno déspota em sala de aula. O aluno estuda pela nota e o professor força-o a tal para impor-se, imaginando discipliná-lo. Há até os que se vangloriam por reprovarem a maioria.
Os alunos, por seu turno, tendem a não levar a sério o professor que não adota tais procedimentos. Esse é baba, imaginam! Eles até gostam do professor, mas como o estudo se restringe a tirar a nota, e se é fácil consegui-la, por que se preocupar com o aprender? É claro que, tanto em relação aos docentes quanto aos discentes, há as exceções. Mas, como se diz, a exceção confirma a regra.
Neste sistema, o prêmio da nota é uma ilusão. Ele pode ter estudado apenas para a prova. E daí? Isto significa que aprendeu? Que influencia terá isto na sua vida ulterior? O aprender exige esforço, dedicação e, sobretudo, interesse. Nenhum professor, por melhor que seja, poderá ensinar se o aluno não desejar aprender. Aliás, para isso é preciso que o ele se despoje do poder de vigiar e punir e adote a atitude do educador que se educa ao educar.
Eis a questão central: a prova não prova nada. E por que não? Porque o que predomina é o ensino decoreba. Desde a mais tenra idade o aluno é estimulado a memorizar conteúdos que servem unicamente para tirar nota e passar de ano. Ele não aprende, memoriza. Sua motivação restringe-se à necessidade de ir bem na prova. Ele é treinado para passar no vestibular e chega à universidade, quando consegue, com graves deficiências em sua formação.
O sistema escolar não pressupõe a reflexão crítica sobre os conteúdos, as didáticas, a autoridade professoral e, menos ainda, o amor ao saber. O aluno chega à universidade com o pensamento fixo na nota e perde a curiosidade pelo saber; preocupa-se apenas em passar de ano e, para isto, valem todos os artifícios.
O professor também trabalha com este paradigma. Em geral, sua atitude docente restringe-se a passar o conteúdo e cobrá-lo num determinado dia. Então, o aluno deve provar que aprendeu, ou melhor, que memorizou. É justo avaliar o aluno por um momento da sua vida acadêmica? E se naquele fatídico dia, o aluno esforçado, estudioso, teve um problema pessoal que o desestabilizou emocionalmente e comprometeu o seu desempenho? E se simplesmente deu um branco?
O aluno chega à universidade e se depara com um sistema que prioriza a nota e não o aprendizado. Há uma overdose de disciplinas e conteúdos. Ele fica perdido em meio a tantas exigências, textos, livros para ler, etc. Ele descobre estratégias de sobrevivência, que pressupõe até mesmo a cola, os trabalhos encomendados, a reprodução de conteúdos, etc. O que importa é o canudo.
Ninguém pergunta se tal ou qual disciplina lhe interessa, o que é mais importante para a sua formação, etc. Tudo lhe é imposto: disciplinas, conteúdos, formas de avaliação. Não seria melhor acreditar na sua capacidade de discernir, valorizá-lo como agente do aprendizado – e não restringi-lo a objeto cuja função é reproduzir o saber do professor – e motivá-lo a aprender a ser livre e responsável?
O sistema de ensino fortalece o poder do professor. Este, ao confundir autoridade com autoritarismo, desempenha o papel de um pequeno déspota em sala de aula. O aluno estuda pela nota e o professor força-o a tal para impor-se, imaginando discipliná-lo. Há até os que se vangloriam por reprovarem a maioria.
Os alunos, por seu turno, tendem a não levar a sério o professor que não adota tais procedimentos. Esse é baba, imaginam! Eles até gostam do professor, mas como o estudo se restringe a tirar a nota, e se é fácil consegui-la, por que se preocupar com o aprender? É claro que, tanto em relação aos docentes quanto aos discentes, há as exceções. Mas, como se diz, a exceção confirma a regra.
Neste sistema, o prêmio da nota é uma ilusão. Ele pode ter estudado apenas para a prova. E daí? Isto significa que aprendeu? Que influencia terá isto na sua vida ulterior? O aprender exige esforço, dedicação e, sobretudo, interesse. Nenhum professor, por melhor que seja, poderá ensinar se o aluno não desejar aprender. Aliás, para isso é preciso que o ele se despoje do poder de vigiar e punir e adote a atitude do educador que se educa ao educar.
Tags: educação
Vagner Boni
Estudante de Ciências Sociais - UFSC
Memorial dos Direitos Humanos - MDH