31 de mar. de 2010

[Textos] Carta aberta dos professores do IUPERJ

Carta aberta dos professores do IUPERJ

Rio de Janeiro, 15 de março de 2010.

Prezados colegas e amigos do IUPERJ,

Voltamos, nós do IUPERJ, a recorrer aos colegas das Ciências Sociais e da Academia em geral. Dirão alguns decerto que se trata da continuada crise que os ocupou em nosso apoio, em momento crítico há seis anos atrás. Sim, é a mesma, só que agravada ao seu mais extremo limite, pois agora o que está em jogo é o encerramento das atividades da instituição.
Nestes últimos anos, a situação da Universidade Candido Mendes, mantenedora do IUPERJ, só fez deteriorar-se. Nos últimos dois anos, não recebemos 9 salários dos 26 devidos e vários direitos trabalhistas não são honrados desde 1999. Em 2010 não temos qualquer perspectiva de que receberemos salários ao longo de todo o ano letivo. Ora, como não temos recursos próprios, que fazer para evitar um desfecho que nos é catastrófico?
Estamos negociando com o Governo Federal, através do Ministério da Ciência e Tecnologia, a formação de uma Organização Social, entidade que propiciaria aporte de recursos públicos, inclusive orçamentários, e privados para o Instituto: trata-se da única alternativa capaz de garantir a sobrevivência institucional. Ocorre, porém, que não são poucos os obstáculos nesse caminho, até mesmo uma argüição de inconstitucionalidade das OS no Supremo Tribunal Federal. Se superados todos os obstáculos, vale lembrar, só alcançaremos resultados tangíveis em 2012, não obstante o apoio manifestado por diversas agências governamentais.
Incerto e longo, o caminho não será percorrido sem o apoio e a solidariedade da comunidade científica, os quais, diga-se a bem da verdade, jamais nos foram negados. O alerta aos poderes públicos só se efetivará de fato com crescentes manifestações de preocupação com o destino do IUPERJ.
O IUPERJ é sua história, o empenho de seus estudantes, funcionários e professores nestes últimos 40 anos; seus programas de Ciência Política e Sociologia, respectivamente com graus 6 e 7 na avaliação da CAPES e ambos totalmente gratuitos; as 281 teses de doutorado e 471 dissertações de mestrado aqui defendidas; o fato de que 41% de seus doutores egressos ensinam e pesquisam em universidades públicas e 23% o fazem em instituições particulares; os 40 doutores do exterior aqui diplomados; os 11 grupos de pesquisa ora cadastrados no CNPq. É por tudo isso que acreditamos numa solução institucional e decidimos iniciar o ano letivo mesmo sem salários.
Queremos continuar a fazer o que sempre fizemos. A instituição é maior que cada um de nós. Tudo faremos para tentar salvá-la, mas nem tudo está ao nosso alcance. Por isso, pedimos, e é este o verbo, o apoio dos colegas.
Adalberto Moreira Cardoso Argelina Maria Cheibub Figueiredo
Carlos Antonio Costa Ribeiro Cesar Augusto C. Guimarães
Diana Nogueira de Oliveira Lima Fabiano Guilherme M. Santos
Frédéric Vandenberghe Gláucio Ary Dillon Soares
Jairo Marconi Nicolau João Feres Júnior
José Maurício Domingues Luiz Antonio Machado Silva
Luiz Jorge Werneck Vianna Marcelo Gantus Jasmin
Marcus Faria Figueiredo Maria Regina S. de Lima
Nelson do Valle Silva Renato de Andrade Lessa
Renato Raul Boschi Ricardo Benzaquen de Araújo
Thamy Pogrebinschi  
Participe do abaixo assinado

Gestão 2010 - Não Iremos Embora!

Dia da Terra Palestina. 30 de março, esse foi o dia da Eleição da nova gestão do Centro Acadêmico Livre de Ciências Sociais. O nome da gestão é NÃO IREMOS EMBORA! 


A gestão é aberta a sua participação. Participe das comissões, dos projetos, das reuniões e das discussões. Contribua na construção de um movimento estudantil crítico e criativo.


O nome surgiu de uma poesia de Tawfic Zayyad, palestino de Nazaré, que e considerado um pioneiro da poesia de resistência. Abaixo podes ler a poesia:


Não iremos embora
Aqui
Sobre vossos peitos
Persistimos
Como uma muralha
Em vossas goelas
Como cacos de vidros
Imperturbáveis
E em vossos olhos
Como uma tempestade de fogo
Aqui
Sobre vossos peitos
Persistimos
Como uma muralha
Em lavar os pratos em vossas casas
Em encher os copos dos senhores
Em esfregar os ladrilhos das
cozinhas pretas
para arrancar
A comida de nossos filhos
De vossas presas azuis
Aqui sobre vossos peitos
Persistimos
Como uma muralha
Famintos
Nus
 
Provocadores
Declamando poemas
Somos os guardiões da sombra
Das laranjeiras e das oliveiras
Semeando as idéias como o
fermento na massa
Nossos nervos são de gelo
Mas nossos corações vomitam fogo
Quando tivermos sede
Espremeremos as pedras
E comeremos terra
Quando estivermos famintos
Mas não iremos embora
E não seremos avarentos com nosso
Sangue
Aqui
temos um passado
E um presente
Aqui
Está nosso futuro.

——


Material da CHAPA

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