30 de abr. de 2007

[CALCS] Reunião para conclusão do Relatório Final da 8ª SEMACS

Galera, estou encaminhando um e-mail que a Marisol me mandou sobre a necessidade de concluir o relatório da semana...
precisamos discutir isso essa semana... teremos que nos reunir quinta-feira, pois na terça a UFSC estará fechada...
abç

eduardo
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Ao: CALCS
De: Coordenadora do Curso de Ciências Sociais
Antes de mais nada devo dar parabéns pelo seus esforços e desempenhos na VIII Semana de Ciências Sociais e, espero, que para validar o próprio mérito vocês tenham feito algum tipo de avaliação sobre o evento, já que agora será necessária. Como vocês poderão acompanhar através das correspondências que abaixo são listadas, temos que elaborar o relatório que deve ser encaminhado ao DAEX e para isso precisamos de informações.
Por exemplo, registros sobre a freqüência é uma forma importante de medida, e pude observar que vocês elaboraram listas, por isso imagino que tenham uma relação dos participantes. Isso serve também para pedir a emissão dos certificados para quem efetivamente compareceu na platéia, quem foi palestrante, quem organizou e merece alguma forma de diploma. Ou, ainda, talvez vocês tenham outras formas de avaliação junto aos alunos que freqüentaram, por exemplo através de questões levantadas para debate, de forma a auditorar seu próprio desempenho, quanto aos recursos empregados, o tipo de escolhas temáticas, palestrantes convidados, horários mais frequentados, etc.
Em vista disso, peço que vocês encaminhem algum(ns) representante(es) que tenha(m) sido integrante(s) da Comissão de Organização de VIII Semana para me auxiliar na elaboração do relatório para o DAEX.
Sugiro, para isso, uma reunião na sala da Coordenadora na sexta feira 04/05 às 14:30hs.
Abraço
Maria Soledad Etcheverry

[CALCS] Relato do Pré-ERECS (Blumenau 2007)

Olá galerá!!!
Bom...inicialmente queria saber se vai ter reunião nesta terça dia 1???
Segundo item é o do pré ERECS que foi muito bom!!! Só fomos nós e a simone e diogo da UFRGS. Ou seja, ninguém mostrou além de nós o interesse em organizar que é pra toda a região sul, e confesso que fiquei triste com este fato, mas... estou empolgada com este projeto e acho que será de grande valia!
Os tópicos da pauta foram todas discutidos e aceitos pelo grupo e nelas foram agregadas saídas de campo e oficinas. Mas a respeito disso falo mais na próxima reunião. Caso alguém queira por escrito eu mando o email completo com todos os contatos la adquiridos e o relatos do que la foi discutido.

Bjos
Natt-bocão

26 de abr. de 2007

[CALCS] Relatoria Reunião CALCS 26/04/2007 e OFICIO

CALCS 26/04/2007 (Quinta-feira - 17h30)

Pauta: Informes; Pré-ERECS; ACA; Avaliação e Relatório Semana CSO; Horários das Reuniões.

- Informes :

* CEB - Festa (25/04 no Convivência - Informe detalhado na lista de email)

* CEB - Bolsa (26/04 no DCE - Encaminhou-se uma proposta avançada e que a sessão do CUn seja aberta. Agora depende da mobilização estudantil para no dia do CUn - a marcar - façamos valer nossos DIREITOS!)

* Comitê contra Reforma (Próxima quarta-feira 02/05 no CDS Bloco 5 12h00)

* Comite Papanduva (Foi lançado dia 25/04)

* Reunião com CAs CFH sobre espaço físico (Informe detalhado na lista de email)

* Rádio Campeche (Convidando uma pessoa p/ participar de um programa domingo 29/04)

* Comissão Pré-ERECS (Conseguimos uma passagem pela PRAE)

- Pré-ERECS

* Irão para Blumenau Gustavo H. Costa e Natália C. Pelosi.

* Sugestões de atividades e temáticas para o evento : GD Reforma Universitária (imprescindível); GD Direitos Estudantis (importante); GD Sociologia no Ensino Médio(imprescindível); GD Sistema Acafe(a critério das outras escolas); GD Articulação do Movimento Estudantil da Regional Sul(importante); Palestra/Debate sobre a Reforma (temos contatos e sugerimos alguns nomes); Todas as propostas apresentadas nos GDs sejam relatados e sistematizados, apresentados à PLENÁRIA FINAL que seja DELIBERATIVA e ENCAMINHATIVA!

- ACA (Aliança dos CA's):

* Se possível Boni vai à reunião que acontecerá amanhã.

- Avaliação e Relatório Semana CSO:

* Avaliação (devido ao esvaziamento desta reun. fica como pto de pauta p/ próx. reunião).

* Relatório (Eduardo está encaminhando)

* Certificados (Assim que ficar pronto o relatório e for encaminhado ao DAEx ele chegarão! +-30 dias; Haverá Certificados para os Organizadores, para os Palestrantes/Expositores, assim como para todos os Participantes que se inscreveram e assinaram as listas de presença das atividades - no mínimo uma).

- Horários das Reuniões:

* Sugestão para que se faça Reuniões à noite (devido ao esvaziamento desta reunião fica como ponto de pauta para próxima reunião).

- Sugestões para Próxima Pauta:

Xerox; Feliz Hora Sonora; Avaliação Semana CSO; Jornal CA; Horário das Reuniões; Adesão do CA ao Manifesto da Frente Contra a Reforma Universitária; Comissão de Comunicação; Públicação da FINANÇAS do CALCS. É isso... Qualquer dúvida... É só falar.

Vagner Boni.


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Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC

Centro de Filosofia e Ciências Humanas - CFH

Centro Acadêmico Livre de Ciências Sociais – CALCS

Campus Universitário, Trindade - Florianópolis - SC – Brasil - CEP 88040-900

Ofício CALCS 020/07 Florianópolis, 26 de Abril de 2007.


DE: Centro Acadêmico Livre de Ciências Sociais - CALCS

PARA: À Pró Reitoria de Assuntos Estudantis - PRAE

At: Pró Reitora Corina Espíndola

Prezada,

Venho por meio solicitar a alteração dos estudantes que solicitaram passagens para irem ao Pré-ERECS, como solicitado no ofício anterior, para Gustavao H. Costa (RG:) e Natália C. Pelosi (RG:).

Certos de sua contribuição, desde já agradecemos.

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Vagner Boni, mat. 05108187

Centro Acadêmico Livre de Ciências Sociais CALCS

”Gestão Pra Fazer Acontecer!” 2006 - 2007

[CFH] Relato Reunião CAs 26/04/07

Ae galera...

hoje rolou a segunda reunião na direção do CFH pra discultir uma alternativa de espaço para os Centros Acadêmicos do CFH... Nela participaram além do CALCS e do CALIGEO (que já estavam na primeira) o CALH, o CALPSI e o CAFIL, ou seja todos os CAs do CFH...
Reafirmamos a idéia de que não queremos construir um espaço com dinheiro de empresas e fundações (como aconteceu com o CTC), pois essas empresas fariam um shoppingzinho no CFH e botariam várias outras empresas para cobrar aluguel por mais de 10 anos...
Temos a proposta de um colega da Geografia (que já tem projeto e tudo) de construir através de técnicas de bioconstrução, que além de preservarem o ambiente onde será construindo possui um custo bem mais baixo...
Na reunião de hoje apenas repassamos as informações para os CAs que não conheciam e encaminhamos de mandar o projeto para o AMA ( Atelier Modelo de Arquitetura), para eles fazerem o orçamento do projeto.
Foram sugeridas também algumas pequenas alterações no ambiente interno das construções, para que se maximize o espaço. Ainda não definimos se elas serão dispostas separadamente ou em conjunto, pois isso dependerá do espaço do bosque, onde eles serão construídos, pois talvez para evitar o corte de árvores seja necessário "separá-los".
Também foi definido criar um projeto de extensão para tocar a construção, pois assim poderiam ser ensinadas todas as técnicas de bioconstrução a todos interessados, além de destinar alguns bolsistas só para agilizar o projeto. A construção será feita através de mutirões dos estudantes..
É isso, agora falta botar tudo novamente no papel e tocar porque o projeto tá bem massa...
Quando for marcada outra reunião eu anuncio no grupo...
valew

eduardo perondi
calcs

25 de abr. de 2007

[CALCS] Chamada para Reuniões: ACA, CAs do CFH, e Reunião noturna do CALCS

Pessoal!
De acordo com a reunião de terça (dia 24), amanhã (dia 26) teremos reunião do CA às 17:30h, para discutirmos possíveis temas e propostas a serem levados ao pré- ERECS, em Blumenal; e tbm p/ fazermos uma avaliação da Semana de CSO.
Abraços,
Sabrina.

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Mais duas reuniões... Na sexta com ACA - Na sala 310 com vários CA que estão discutindo questão da avalição de curso. E com os CAs do CFH na mesma quinta sobre o espaço em conjunto dos CAs.

A minha indicação é que para quem esteve na última dos CAs do CFH vá nesta, duas ou três pessoas, e depois repasse para todos os estudantes e sobre a ACA, podemos incluir como ponto de pauta pra quinta. Pessoal vamos pensar projetos e propostas para o ERECS.

Boni
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Sabrina,
eu queria solicitar pra fazer uma reunião do CA a noite em consideração das pessoas que fazem duas faculdades ou trabalham e não tem condições de participar das reuniões..
pode levar esse ponto na reunião.. eu vou tentar ir, mas vou chegar muito tarde, vc acha que às 7hs ainda esteja rolando a reunião?
obrigada..
Até.
Laura
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Laura,

essas reuniões às 17:30h são exatamente para contemplar, de certa forma, o pessoal que estuda a noite. Como a aula inicia às 18:30h, às 19h a reunião já pode ter terminado, mas sempre fica um pessoal pelo CA nesse horário caso você queira conversar e saber o que rolou.

Abraço...
Sabrina

[CEB] Quinta e Sexta

Pessoal!!!
Hoje no CEB conseguimos uma grande vitória que foi a proposta estudantil de regulamentação das festas, que entre outros pontos obriga a universidade a garantir segurança, banheiros e alvarás. Com relação as horas felizes a nossa proposta desobriga a pilha de burocracia sendo que será necessário apenas a autorização da direção do centro onde está se fazendo a festa e da segurança.
Conseguimos em outro ponto uma grande vitória que foi impedir a cobrança de ingressos para festas fechadas dentro da UFSC, sendo que 18 CAs votaram contra e 13 a favor.
Amanhã terá outro CEB para discussão da questão das bolsas, que ficará como relatória dos representantes estudantis no próximm CUn. Será amanhã as 12:15, no auditório do Convivência. Eu vou até pq fiquei na comissão de elaboração do documento, mas quanto mais gente melhor.
RODRIGO

[Textos] Escola das Américas

ESCOLA DAS AMÉRICAS

Foi então ... Era quatro da tarde, e aquilo não podia estar acontecendo! Como em Bagdá, como em Faluja, como em Ramalah, como em Mogadíscio, como no Saara Espanhol – de repente estavam ali os canhões e os tanques e as tropas, e aquilo parecia reportagem que se via na Al-Jazeera durante a Guerra do Líbano, e os canhões e os tanques a tudo cercaram e interromperam o acesso à água, bloquearam as estradas e ninguém mais entrava e nem saía, e um tanque derrubou uma barraca que tinha dentro mulher grávida e criança, e o terrorismo implantado foi coisa que nem merece ser descrito neste texto que falava na beleza dos sonhos, da resistência e da Esperança! Em pouco, pouquíssimo tempo, os recém-chegados deram aos experientes e aos inexperientes um curso completo do que é, realmente, o Exército, aquele que a gente se acostumou a considerar "Braço forte, mão amiga" e da confiança que se pode ter nas autoridades. O final da tarde e a noite foi coisa para nunca se esquecer, e o que eu fico pensando é que muitos, decerto a maioria daqueles soldados que ali estavam também eram filhos de gente pobre e humilhada, e que talvez fizessem o seu papel de monstros lembrando vagamente onde estariam seus pais, suas irmãs, seus filhos... Mas o Monstro lhes mandava aterrorizar e eles aterrorizavam, e bem que tenho ouvido falar que continua bem em atividade a Escola das Américas![2] Pode-se resumir o acontecido numa frase: a total ausência de qualquer respeito à dignidade humana naqueles campos. Ordens em altas vozes, no alto falante dos soldados, dizia coisas como "A ordem tem que ser cumprida!" "Vamos atacar, vamos desocupar a área!" "Vamos cumprir a ordem!", intermediadas por hinos patrióticos, e de discursos de intimidação, que falavam muito como "a noite vai ser dolorosa, a noite vai ser longa!". Há que se pensar que tais coisas aconteciam dentro de total escuridão, mas que antes que a noite caísse, postara-se ali, além dos caminhões e outros veículos, os enormes três tanques e uma dolorosa e macabra fileira de ambulâncias.
Foram horas e horas, toda uma noite de terror, principalmente para as crianças, e não fosse a gente pobre tão unida e tão capaz de juntar suas parcas forças para resistir, e talvez o estrago fosse pior. No meio do terror, do barulho, da fumaça que cegava a todos dentro do acampamento, das técnicas de aterrorizamento nos alto falantes e pelos próprios canhões, tanques e ambulâncias, a gente pobre se uniu e negociou o quanto pode – o inimigo era mais forte, havia que capitular. E o sonho daquela terra acabou. Não sei se ficaram lá as 1.900 sementes de repolho daquele horticultor, quando os agricultores tiveram, mais uma vez, que abandonar aquela terra mais de uma vez encharcada de sangue, como o vinham fazendo desde os tempos de Percival Farquhar.
Fico aqui me perguntando uma pergunta sem resposta: quem deu a ordem para aquele terrorismo de guerra sobre a população indefesa? Temos no poder um homem que acreditamos ser representante do povo. Teria partido dele a autorização para aquilo? Quem autorizou? É bem verdade que no fim ninguém morreu de bala e de granada – mas, e a morte lenta pelo abandono, pela pobreza, pela falta de perspectiva? Onde estão os direitos do ser humano?
E O QUE É QUE AQUELA SOJA ESTAVA FAZENDO LÁ? Que as autoridades competentes me expliquem!

Blumenau, 16 de abril de 2007.


Urda Alice Klueger
Escritora

[Textos] As sete horas

AS SETE HORAS

Se a escuridão primeira e a muita chuva segunda haviam atrapalhado muita coisa, e mesmo assim as coisas foram se organizando, dá para imaginar as tantas coisas mais que foram feitas naquelas sete horas seguintes! Quem sabe o menino da cesta de Páscoa e do capuz vermelho até tenha achado um lagarto e pensado que era um filhote de Tiranossauro requi – quem sabe tomou um banho na cachoeira, como nos dissera no decorrer da noite que faria, quando ainda no ônibus.
É possível que o Homem Velho tenha achado um lugar de terra muito macia, e feito um primeiro canteiro, e tenha começado a semear as primeiras 1.900 sementinhas de repolho! Cada um, ali, estava pejado de sonhos e planos, e como aquela ali era uma improdutiva e abandonada terra do Exército, decerto que logo sairia um decreto para regularizar aquela situação, pois o Exército obedecia a chefes lá em Brasília e não a fazendeiros violentos e nem a juízes regionais – um tempo de Esperança tinha começado! Estava muito claro que as chefias políticas jamais iriam permitir que o Exército disparasse uma única bala sobre aquele povo pobre e armada apenas de seus sonhos e da esperança no Futuro – era tempo para risonhos sonhos! E aquelas sete horas transcorreram com os carreiros de formiga cheios de inesgotáveis energias, caminhando sem cessar em direção ao porvir, e havia comida cozinhando nas fogueiras, e havia chimarrão fumegante nas cuias, e havia cheiro de café no ar, e as crianças aprendiam as canções dos Sem-terrinha! Não dá nem para imaginar tudo o que aconteceu naquelas sete horas!


Blumenau, 16 de abril de 2007.


Urda Alice Klueger
Escritora

[Textos] Como carreiros de formigas

COMO CARREIROS DE FORMIGAS

A luz do dia trouxe toda uma vida nova para aquela gente que sonhava com coisas maravilhosas como canteiros vicejantes e sorriam de esperança, e enquanto as mulheres cuidavam das crianças sob os toldos improvisados, homens velhos e homens novos, sem temor da chuva intensa que não parava, andavam pelo descampado e pelo mato ralo como se fossem carreiros de formigas, e seus certeiros golpes de facão cortavam as árvores finas que seriam os esteios das suas casas, e eles se ajudavam em grupos, e esqueletos de moradias que seriam cobertas de lona cresciam por toda a parte, e logo havia muitas, muitas casas novas, e toda uma cidade de lonas de plástico nascia ao mesmo tempo.
Depois de mais de quatro horas sem dar sossego a ninguém, de repente a chuva foi ficando fina, virou garoa... quando nos demos conta, havia parado! E os carreiros de formiga continuavam por todos os lados, e agora se traziam colchões, panelas, fogões antigos, ursos de pelúcia meio estraçalhados, baldes de plástico sem alça, trouxas de roupas – esperara-se a chuva acalmar para se descarregar ônibus e caminhões – e os carreiros de formiga faziam novas casas e mobiliavam as velhas, e mesmo estando o solo encharcado, as casas iam sendo organizadas, e
também se organizou uma assembléia para se decidir e se informar coisas sobre a posse da terra, e falou-se da terra que era fértil e não era de nenhum fazendeiro, o que afastava a possibilidade de jagunços, e como havia risos e sonhos, e vontade de trabalhar naquela gente que passara a noite sem dormir! Devia ser umas nove da manhã, o que quer dizer que faltavam sete horas para os canhões e os tanques, como se ali fosse a Palestina, ou o Iraque, ou o Afeganistão...
E os carreiros de formiga continuaram andando e carregando, e como era grande a Esperança!

[Textos] As Pessoas e As Coisas

AS PESSOAS E AS COISAS

A chuva fina deu lugar à tempestade; até trovões rolavam no céu. Poucas fogueiras resistiam àquela água toda; uma e outra lanterna mostravam a azáfama que havia por tudo. Montes de coisas e montes de pessoas eram cobertas por lonas de plástico, quando dava – pois muita gente e muitas coisas estava mesmo era se molhando impiedosamente. Mesmo com tanta chuva, depois de um tempo infinito, a barra do dia acabou começando a se formar, e houve um momento em que já se conseguia distinguir vultos, montes, toldos – e impressionava-me com aquelas pessoas que ficavam de pé, firmemente segurando alguma estaca ou alguma ponta de uma lona que cobrisse um grupo inteiro. Conforme clareava eu podia distinguir os rostos daqueles postes vivos, e impressionava-me ver aqui um professor doutor; ali, uma universitária que eu imaginara que só pensava em baladas; acolá, o mauricinho que vivia de calça de vinco e camisa social – isto é, estas eram as caras de alguns dos apoiadores, pois a grande maioria eram as caras das pessoas de muitos filhos e pouca comida, aquela gente sofrida que ria de felicidade ao pensar nos seus sonhos parecidos com os sonhos do homem velho, o sonho dos canteiros vicejantes, e quando pensava neles, os olhos daquelas pessoas tremeluziam de luz!
E apesar da chuva fez-se dia, e então, impressionada, eu olhava sem conseguir distinguir muito bem o que eram montes de coisas e montes de pessoas, pois assim como montes
de coisas tinham sido cobertos com lonas de plástico, também montes de pessoas o tinham sido, e lá no chão encharcado, acocoradas ou sentadas, as pessoas resistiam aos elementos assim como vinham resistindo à fome, às humilhações, à exclusão social, desde o tempo em que tinham nascido. Às vezes eu pensava que estava olhando para um monte de coisas, e então, de repente, sob a beira do plástico uma criança ou um adulto espiava para fora, e então eu entendia que eram
pessoas, e não coisas – e ficava a pensar que os reais culpados por aquilo tudo eram os que estavam no comando do Capital, e que eram eles quem decidiam a sorte de cada um, quem deveria viver sub humanamente, como montes de coisas, embora fossem pessoas e não coisas, e que àqueles comandantes do Monstro do Capital pouco se lhe dava sequer se aquelas pessoas viviam ou morriam. Talvez morressem mesmo; faltavam só dez horas para os canhões e os tanques.

Blumenau, 16 de abril de 2007.


Urda Alice Klueger
Escritora

[Textos] O Homem Velho

O HOMEM VELHO

Dentro da noite de breu, quatro horas da manhã, entramos no terreno. Umas poucas pessoas já tinham entrado antes – quando o dia clareasse haveria ali 500 famílias, mais todos nosostros, os apoiadores dos mais diversos lugares. Uma chuvinha fina ensaiava engrossar, e alguns grupos já haviam acendido algumas pequenas fogueiras. Alguma coisa me dizia que a cachoeira ficava lá para aquele lado, e então fui para lá, e parei na última fogueira que havia naquela direção. Alguns homens haviam estendido uma lona e feito um precário abrigo, e me abriguei junto deles, a me informar onde ficava a fonte d´água.
- Alguém sabe me dizer que terra é esta, afinal? – era um homem velho – talvez não o fosse muito, mas a barba embranquecida, o rosto castigado pelo tempo, pela pobreza, quiçá por muitas fomes, fazia com que parecesse homem de muita idade. Na noite de breu eu o via à luz do pequeno fogo, com seu jeito de polaco, e fiquei prestando atenção. Ninguém sabia lhe responder. Ele insistia:
- Uns dizem que é terra do governo; outros dizem que é terra do exército. Mas o que faz esta soja aqui? Quem está plantando aqui? Que terra é esta?
Eu sabia que terra era aquela.
Disse-lhe que sabia.
- Esta terra era da Lumber.
O homem pensou, ponderou, me avaliou.
- Da Lumber? Meu pai falava na Lumber!
- Pois é... Era terra da Lumber...
É necessário um parágrafo, agora, para dizer quem era a Lumber, já que a maioria das pessoas não gosta tanto de História quanto eu, mas tem uma imensidão de gente que gosta de televisão, e faz pouquinho tempo que a televisão apresentou uma mini-série sobre Percival Farquhar e a construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré. Lembraram? Pois a Lumber não era outra coisa que uma madeireira pertencente ao mesmo Percival Farquhar que construiu a Madeira-Mamoré. Como ele viveu mais de 90 anos, nem consigo fazer conta de quantas maldades foi autor.
Lá no princípio do século XX, Percival Farquhar fechou negócio com o governo brasileiro: construiria uma ferrovia que iria de São Paulo até o Rio Grande do Sul, em troca de... apenas 15 km de terra de cada lado, férteis terras cobertas de centenários pinheiros (aqueles que a gente chama de pinheiro do Paraná, a Araucária brasiliensis). Quinze de cada lado da uma larguíssima faixa de 30 quilômetros, pejada de boa madeira, uma loucura de pinheiros a serem cortados e embarcados para o exterior, caso a ferrovia fosse em linha reta – só que Percival Farquhar mandou construí-la completamente cheia de curvas, o que aumentou muitíssimo a área a tomar posse. Nessa coisa de posse, no entanto, havia um pequeno entrave: morava gente naquela terra. Pelos séculos afora sempre um pouco de gente foi entrando pelos sertões do Brasil, e lá foi tendo filhos e se multiplicando, e aqueles pinheirais, 400 anos depois de Cabral, estavam cheios de pessoas que viviam de pequenas agriculturas e criação de um pouco de gado. Percival Farquhar, então, criou a Lumber, e ela foi a encarregada de dar sumiço naquela gente. Primeiro, o povo foi ameaçado, amedrontado, e um bocado de gente acabou caindo fora – quem resistiu, acabou morrendo. O requinte da violência chegou a tal ponto que a Lumber importou creio que duas centenas (já não lembro exatamente o número) de pistoleiros, aqueles que a gente chama de caubóis e que costuma ver em filme de bandido e mocinho, e eles vieram inclusive com seus cavalos de arreios enfeitados de prata. Quem não se amedrontou o suficiente para correr, morreu na pontaria dos caubóis que falavam inglês, e a Lumber acabou "limpando" as terras. Resultado: uma guerra que seria dolorosamente lembrada no futuro, a do Contestado, que durou de 1912 a 1916, queimou 9.000 casas e matou 30.000 pessoas, sendo civis 90% dos mortos.[1] Até aviação de guerra foi usada, pela primeira vez no mundo, naquela região. Portando, o homem velho, agora, se arrepiava ao lembrar do que o pai dele contava – ele decerto sabia o quanto aquela terra estava impregnada de sangue, como ela havia sido tirada do povo um dia! Fiz mentalmente um cálculo: estávamos a 6,5 km da estrada de ferro – portanto, ali era, sem nenhuma dúvida, antiga terra da Lumber.

Quando a Lumber se fora, tão pejada e pesada de ouro quanto um verme gordo, que já quase não consegue mais se arrastar de tão pesado, aquela terra ficara para o governo brasileiro. No fim dos anos cinqüenta, Juscelino Kubitschek a passara, por decreto, para o Exército, que por algum tempo andou por lá, usando-a como campo de exercícios e fazendo mais um bocado de maldades com quem morava ali por perto. Tem ações de monte na justiça, desde então, para confirmar amplamente o que aqui digo, bem como outras barbaridades que vou pular, pois senão vou cansar o leitor.

O fato é que por duas vezes o povo brasileiro já fora expulso daquelas terras à força, e o fato é que agora estava voltando, mas o homem velho estava inconformado:
- Se é do Exército, quem é que está plantando aqui? Olha, olha aqui, dona, veja a soja! – e munido de uma tocha feita de um pau de lenha, ele iluminou o chão e, como agricultor conhecedor que era, arrancou um punhado de ramos rasteiros de tão pisoteados, onde até eu reconheci a soja. Fiquei pasma, sem saber explicar nem para mim: se a terra era do Exército, quem plantava agricultura de rico nela? Há pouco vi fotos que foram tiradas lá depois que o dia amanheceu, e não há dúvida quanto à plantação de soja naquelas terras. Decerto que o Exército não fica mandando soldados lá para cultivar a terra – haverá algum oficial arrendando a terra para fazendeiros ricos produzirem a baixo custo? Eu acho que o Exército deve muitas explicações a nós, brasileiros – inclusive sobre aquela plantação de soja. Então para rico não há canhão, não há tanque, não há tiro, não há terrorismo? Pior é que esta é uma história de verdade! Senhor ministro, há que sabermos o que se passa lá!

A soja na mão, a indagação na testa, de repente o rosto do homem velho suavizou-se, e à luz da tocha pude ver o sonho bailar nos olhos azuis dele. Do bolso de dentro do casado ele tirou um pacotinho de nada, coisa que cabia na palma da mão.
- Dona, sou horticultor. Se esta aqui é mesmo terra do Exército, então decerto a gente vai poder ficar. Veja estas sementes – parecia tão pequeno aquele pacotinho! – São sementes de repolho japonês. Tem aqui 1.900 sementes. Quando amanhecer, vou começar a plantá-las. Vão ser 1.900 repolhos em pouco tempo! - e ele era todo brandura e emoção ao pensar nas suas carreiras de repolho crescendo! Emocionei-me também, pois emoções assim lindas mexem com a gente. Como poderia pensar que 12 horas depois aquele homem que sonhava com canteiros cheios de alimento estaria diante de tanques, sob a mira de canhões? Como é que plantador de soja podia, e horticultor pobre não podia? Como é isto, heim,
senhor ministro? Como é, heim, heim?

Blumenau, 16 de abril de 2007.


Urda Alice Klueger
Escritora

[Textos] Braço Forte, Mão Amiga

"BRAÇO FORTE, MÃO AMIGA"?

OS MENINOS
Eles eram irmãos, e na sua simplicidade explodiam de inteligência. Um já estava mais grandinho, já perdera um pouco da espontaneidade – o de seis anos, no entanto, ainda tinha a candura de um anjo, um moleton vermelho com capuz, uma cesta de Páscoa na mão, e uma falha no lugar onde um dente novo estava nascendo.
- Lá eu vou ter um cachorro novo!
Eu e alguns amigos dávamos-lhe corda:
- Lá tem passarinho...
- E tem lagarto...
- Tem cachoeira? – ele queria saber.
- Tem. E tem muito lugar para brincar.
- Tem dinossauro?
- Não, dinossauro não tem!
- Mas tem Tiranossauro requi!
- Também não tem tiranossauro. Onde ficou o teu cachorro?
- O vizinho vai cuidar dele. O nome dele é Tupi.
É difícil encontrar-se coisa mais autenticamente brasileira do que um menino de seis anos com um cachorro chamado Tupi. E também é difícil encontrar-se vizinhos tão solidários que cuidam dos cachorros alheios, como a gente encontra na solidariedade gerada pela pobreza. Penso que a pobreza extrema só consegue sobreviver, mesmo, porque existe a solidariedade. E é ela que vai ficando com os Tupis que ficam ao longo dos caminhos.
Sorrindo dentro do capuz vermelho, pura confiança diante da vida, o menino avisava:
- Eu sou valente. Sou homem. Não tenho medo. Sei fazer café.
- Sabes?
- Sei. Quando a minha mãe estava doente, quando a minha irmãzinha estava para nascer, eu aprendi a fazer café. E também sei fazer ovo. Cozido e frito.
- Sabes cozinhar arroz?
O desapontamento:
- Comida de sal eu não sei.

Ele não era um menino. Era ternura pura. Mal dava para crer que dali a poucas horas estaria sob a mira de um canhão, diante de um tanque do Exército pronto para disparar. Estaríamos na Palestina? No Iraque? Não. Era a Santa e bela Catarina, na chamada Europa brasileira, e esta história é de verdade, e faz só umas quarenta horas que começou a acontecer. E só umas trinta que os canhões começaram a ameaçar o menino. De verdade e para valer.


Blumenau, 16 de abril de 2007.


Urda Alice Klueger
Escritora

[Textos] Ocupação de Papanduva

PESSOAS.. LANÇAMENTO HOJE DO CÔMITE!
Repasso este textos produzidos pelas pessoas que estavam na ocupação que ocorreu em Papanduva (SC) nos dias 15 e 16/04 em terras da união, que são no momento administradas pelo EXÉRCITO da República Federativa do BRASIL e que estavam sendo ILEGALMENTE arrendadas para grandes plantadores de soja da região .Estas terras são do POVO BRASILEIRO! E devem ser usadas para atender ao povo brasileiro que precisa de terra e comida para sobreviver!

Haviam várias colegas nossos das Sociais que participam de vários movimentos e organizações de luta pelos direitos HUMANOS.

Já mandei outros emails e estão rolando em várias listas informações a respeito... Então quem estiver interessado... Curta! O PESSOAL DO CINEMA FEZ UM DOC da Ocupação!

http://www.youtube.com/watch?v=wZy-YolfgDk

Boni
TERRA LIVRE!
Venceremos!

24 de abr. de 2007

[CALCS] Relatoria Reunião CALCS 24/04/2007

Ata da Reunião do CA (24/04/2007)

Pauta: CEB (bolsa treinamento e festas); Congresso UCE (5 e 6/05); pré-ERECS.

Informes:

  • Reunião dia 24, no CA da biologia, referente à bacia do Itacorubi.
  • Ocupação em Papanduva – MST.
  • Manifestação no Shopping Iguatemi dia 25/04.
  • Conselho Universitário
  • Encaminhamentos sobre a Semana Acadêmica de CSO: elaborar um relatório para viabilizar os certificados.
  • Próximo jornal das CSO deve conter uma avaliação do evento.


CEB:

  • Bolsa treinamento: cinco pontos devem ser mantidos para continuar com a nossa proposta e trabalha-la melhor: representantes escolhidos por CA; bolsa por 12 meses ininterruptos; PRAE não restrinja as bolsas; modificação da estrutura das bolsas; paridade entre representes docentes e discentes.
  • Festas: nosso proposta é de que a Universidade se responsabiliza pela segurança e alvará; e para festas de curso, a autorização deve ser pedida apenas ao Centro.

Congresso da UCE (dias 5 e 6 de maio):

  • Presença do Rodrigo e João, enquanto observadores. Lembrando que ambos não representarão o curso de CSO, devido à falta de discussão quanto ao assunto.
  • Elaboração de um texto para o jornal.
  • Assembléia.

Pré-ERECS:

  • Natália e Gustavo representarão o curso de CSO da UFSC e levaram nossas propostas (a serem discutidas na reunião do dia 26, às 17:30h).
Sabrina Schultz
CALCS

[UFSC] Ato contra o Ministro da Educação

Eu acabei esquecendo de informar sobre um dos encaminhamentos na reunião da Frente Contra a Reforma Universitária:
O Ministro da Educação foi convidado para participar da 47ª Reunião do Conselho de Reitores da Associação de Universidades Grupo Montevideo (AUGM), que vai ser sediada na UFSC nos dias 26 e 27.
É importante ressaltar que um dos objetivos, e assunto a ser discutido nessa Reunião, da AUGM é potencializar a formação do ensino a distância.
Devido a isso, foi tirado como encaminhamento na Frente Contra a Reforma Universitária um ato contra essa política. A organização deste ato vai ser feita após a reunião do CEB (25/04).
Com certeza o Rodrigo pode passar maiores informações...
Coloquei abaixo a noticia que saiu no site da UFSC sobre a tal reunião do Conselho...
UFSC sediará encontro do Grupo Montevideo
A 47ª Reunião do Conselho de Reitores da Associação de Universidades Grupo Montevideo (AUGM) acontecerá nos dias 26 e 27 de abril, na Sala dos Conselhos da UFSC, e contará com a presença das 18 universidades públicas do Mercosul que integram a Associação.

Segundo o reitor Lúcio José Botelho, a pauta da reunião foi definida no início deste mês, em Montevidéu – Uruguai, onde esteve presente, e um dos pontos mais importantes será o debate do processo de aceleração da formação de professores. "A AUGM está disposta a assumir isto nas áreas de Ciências", destacou Botelho. Além disso, os reitores vão tratar da questão do mestrado latino-americano, a ser definida a área.

O Grupo Montevideo


Integrar a área acadêmica do Mercosul é uma das características da Associação de Universidades Grupo Montevideo (AUGM), que reúne 18 universidades públicas da Argentina, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, envolvendo uma população universitária de mais de 820 mil estudantes e cerca de 80 mil docentes e pesquisadores.

Desde a sua fundação, em 1990, trabalha para a consolidação e o fortalecimento de um espaço acadêmico regional comum, através da cooperação científica, tecnológica, educativa e cultural, promovendo, principalmente, o intercâmbio de professores, pesquisadores e alunos.

ELIS RODRIGUES
CALCS

[Textos] Camponeses sem-terra de Santa Catarina vivem abril vermelho

Sem Terra vivem abril vermelho

19/04/2007

Camponeses sem-terra de Santa Catarina vivem abril vermelho

Por Elaine Tavares*

É como sempre é. As gentes, carregadas com suas tralhas, fogões, cachorros, seguem em busca da terra, aquela que vai parir sob suas mãos. A terra negada, usurpada, arrancada de quem quer trabalhar. São sempre eles, os deserdados, os que não têm esperança alguma a não ser esta, absurda, de que a luta coletiva e renhida, vai fazer vingar o tempo novo. Assim tem sido na terra brasilis, nesse abril, chamado de vermelho pelo Movimento dos Sem-Terra. O mesmo movimento que andou quieto, esperando que o presidente, eleito para mudar, mudasse. Só que ao invés de cumprir suas promessas com o povo, Lula mudou foi de lado. Governa para o agro-busines, para os empresários, para os poderosos. Ao povo resta o de sempre: a luta.

E foi por isso que as gentes se mexeram em todo país. Em vários Estados, o MST ocupou terras, sedes do Incra, prédios públicos, e esse processo deve durar até o final do mês, na batalha por reforma agrária. Em Santa Catarina, sul do Brasil, a ocupação foi na cidade de Papanduva, no planalto norte, numa terra que hoje pertence ao exército. Mais de 500 famílias rasgaram as cerca e entraram na área que tem 10 mil hectares, servindo apenas para manobras do exército ou para serem alugadas a fazendeiros da região.

Mas, a ocupação, foi como sempre foi. Tão logo as famílias iniciaram a montagem dos barracos, lá já estavam os representantes da "ordem", armas na mão, prontos para o confronto. Em poucas horas, as famílias - e as centenas de apoiadores de outros movimentos sociais - estavam cercadas por tanques de guerra do exército brasileiro. Os olhos assombrados dos meninos e meninas nunca haviam visto tamanha ostentação de força. E é bom que se saiba que são escolados nessa coisa de enfrentar a ordem instituída. Ainda assim, ficavam, encostados em suas bicicletas velhas, esperando, em paz. Dentro do coração sabem bem que não são bandidos. São crianças sem-terra, querendo um lugar para morar.

Mas, ao exército, não bastou cercar o acampamento com os tanques. Precisou passar a noite toda gerando tensão e terror. Pelos auto-falantes soavam, em alto som, hinos patrióticos. Volta e meia, um texto gravado dizia: "Vocês estão isolados! Vocês estão cercados! Rendam-se!" E as gentes, acocoradas em volta da fogueira, esperavam. Os meninos dormiam, apesar do barulhão. Só os adultos vigiavam. Fora da área, lideranças do MST negociavam, com políticos e gente de outros movimentos.

A história da terra

Na noite alta, premidos pelo medo, mas firmes na disposição de resistir, as pessoas contavam histórias daquele lugar. Ali, bem naquela terra, estava enterrado um homem, morto há muitos anos, quando 40 famílias foram retiradas dali, violentamente, com a ajuda do mesmo exército que agora os cercava. Uma história comprida que começa em 1916. Naquele ano, Santa Catarina vivia o fim de um grande conflito de terra, conhecido como Guerra do Contestado. Desde o início do século, por conta da construção da estrada de ferro, havia um número gigantesco de sem-terra, gente que havia sido expulsa pela empresa estrangeira Railway Company. Essa empresa tinha ganhado a margem de 30 quilômetros entre os trilhos e, com a ajuda de outra empresa estrangeira, explorava madeira e jogava na rua os camponeses pobres. Esses, sem-terra e sem nada, vagavam pelas estradas, também sem rumo. Até que encontraram um ponto de coesão na liderança de um monge chamado João Maria.

O conflito foi batizado de "messiânico", porque era amparado na fé do povo, mas, na verdade, tinha como pano de fundo, estrutural, toda essa história de expulsão dos pequenos camponeses das terras, que ficaram nas mãos das empresas estrangeiras. Esse foi o caso das terras ocupadas neste dia 15 de abril de 2007 pelas famílias catarinenses. Elas foram exploradas por uma empresa inglesa, a Lambert, até 1960. E, nelas, por "concessão" da dita empresa, viviam algumas famílias desde o final de 1916.

No distante 1960, quando a empresa, já tendo esgotado a madeira das terras, decidiu sair do país, e deixou a posse do lugar para o exército, viviam na área 41 famílias. Também naqueles dias, elas sentiram o peso do terror e das armas. Depois de uma vida ali, foram obrigadas a sair. E não foi em paz. Houve confronto e uma pessoa morreu. Um homem, que foi enterrado no terreno que havia sido seu. E era dele que se falava na noite fria, enquanto os alto-falantes do exército insistiam num texto que falava de Jesus e de justiça. "A noite vai ser longa, pensem nos seus filhos. Eles não merecem isso", dizia a voz. As mulheres se entreolhavam, cúmplices: pois era justamente pelos filhos que estavam ali. Na bruma causada pela chuva, parecia se ver o velho fantasma do homem que ali lutou e ali morreu. Ninguém iria desrespeitá-lo com a fuga.

A saída

Segundo o MST, essa terra usada pelo exército não tem se prestado só a manobras do exército. Ela é seguidamente arrendada para fazendeiros da região, o que se constitui uma irregularidade no entender do movimento. Tanto que eles já estão com uma ação na justiça para colocar tudo em pratos limpos. A ocupação aconteceu ali justamente para chamar a atenção do governo sobre isso. A proposta dos camponeses era de sair, desde que fosse agendada uma reunião com o ministro da Justiça para discutir esse assunto do uso das terras pelo agro-negócio, enquanto as famílias de sem-terra seguem não tendo um lugar para reproduzir suas vidas.

Para apertar a pressão, quando o dia amanheceu, a água, que vinha de uma bica instalada no local, tinha sido cortada. A segunda-feira passou em meio ao terror e a negociação. Dentro do acampamento, sem permissão para sair, cercados pelos tanques e caminhões do exército, estavam as famílias camponesas, estudantes, sindicalistas, enfim, centenas de pessoas. Lá fora, seguiam as conversas. Mas, no fim do dia, aparentemente, venceu o terror. As famílias iniciaram o processo de retirada, desmontando os barracos, recolhendo as tralhas. Os milicos não permitiram a entrada dos caminhões e tudo teve de ser levado no braço. A trilha de gente carregando coisas seguiu pela estrada, ladeada por soldados, em mais uma tentativa de humilhação.

Mas, para quem está na luta desde sempre, essa foi só uma aparente derrota. A ocupação cumprira seu objetivo: fazer com que o governo voltasse os olhos para a área de Papanduva. As coisas vão ter de mudar por ali, dizem as lideranças do MST. Passar pelos milicos, à pé, com o barraco nas costas, não é humilhação para este povo trabalhador que, de fato, constrói o país. Eles sabem que, sem luta, os filhos da pobreza nunca vão conseguir nada. Tudo o que é conquistado vem assim, porque eles se arriscam, porque se comprometem, porque tomam direção, porque enfrentam a força. Hoje, os soldados armados impõem a retirada. Mas, o que são eles sem as armas? Que força têm? Já os camponeses têm a memória. A coletiva memória das lutas de sempre. E essa é uma força que ninguém pode menosprezar.

Não foi à toa que quando os soldados voltaram ao quartel, àquela mesma gente, no silêncio, na organização, barraco nas costas, ocupou outra área no Estado. Porque esta luta só vai ter fim quando a terra e a riqueza forem repartidas. A reforma agrária virá, ora se não!...

Jornalista

[UFSC] Relatoria Reunião do Cômite Papanduva

Encaminhando o que foi tirado da reunião do comitê papanduva na segunda-feira também um link do cmi que tem algumas fotos da ocupação.
Para organizar as atividades do dia 25 foi tirado um calendario:
* 24/04: reuniao dos CAs da UFSC, as 19 horas, na sala do CA de Biologia da UFSC.
* 24/04: reuniao do sub distrito do Itacorubi (atividade tirada pelo Forum da Cidade), as 19 horas e 30 min. Na associacao comunitaria co Corrego Grande, proximo ao posto de saude.
* 25/04: 10 horas, Coletiva de lancamento do Comite.
* 25/04: 14 horas, lancamento oficial do Comite Papanduva.
*25/04: abertura dos Cursos de Especialização em Agroecologia e Educação Camponesa, ambos resultantes de parceria entre a UFSC e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), e o palestrante será o João Pedro Stédile. Estão previstas caravanas dos assentamentos/ MST, inclusive um onibus c/os sem terra que recém ocuparam a área militar em Papanduva.
* 25/04: 17 hs, em frente ao Shopping Iguatemi, haverá um ato de protesto contra a ilegalidade do mesmo. Os participantes do evento na UFSC tbém se dirigirão p/este ato. "

23 de abr. de 2007

[Textos] MANIFESTO Pela restituição das terras invadidas pelo exército em Papanduva

MANIFESTO

Pela restituição das terras invadidas pelo exército em Papanduva

Histórico. Na primeira década do séc. XX, a Lumber, ao ganhar uma faixa de 30 km em volta de ferrovia por ela construída, expulsa a população camponesa da mesma, gerando o sangrento episódio do Contestado. A partir de 1952, uma grande fazenda da região de Três Barras e Papanduva, pertencente à Lumber, é herdada pelo exército brasileiro. Talvez como prêmio à vergonhosa participação dos militares naquele conflito, onde pela primeira vez na América Latina utilizam-se aviões para bombardear a população civil.

Lá o Exército instalou um campo de instrução. Como a área era considerada insuficiente, desapropriou-se áreas circunvizinhas. 89 propriedades (7.595 hectares), cujos agricultores eram proprietários legais, foram declaradas de utilidade pública em 1956.

A partir de 1957 os militares passam a pressionar diretamente os agricultores, intimidando-os, inclusive com manobras de guerra. Mesmo sem ter ocorrido o pagamento, pois ainda se estava negociando a indenização, em 1963 um juiz concede a posse provisória das terras para o Exército, expedindo ordem para que os colonos saíssem das terras em 48 horas. Eles são expulsos de forma arbitrária e violenta, sendo despejados em qualquer lugar, com a promessa de serem ressarcidos, apesar da lei lhes assegurar o direito de permanecer na área até o recebimento da indenização. Foi a segunda vez que camponeses moradores na área são despejados da mesma.

Com o advento da ditadura, e sem apoio das autoridades, os agricultores ficam sem possibilidade de resistência diante do poderio militar, sofrendo um processo de empobrecimento generalizado. Com o tempo, os militares passaram inclusive a explorar aquela mão-de-obra, numa sujeição mediada inclusive por coação.

A partir dos anos 70, o Exército permite que fazendeiros explorem a área, indignando os desapropriados, que permaneciam possuindo a posse escritural da área. Isto gerou uma reação dos mesmos, inclusive reocupando algumas vezes suas antigas propriedades entre a década de 70 e 80. Porém, cada vez que isto ocorria, os militares foram intransigentes e utilizaram a força.

Nos anos 80, inúmeras negociações ocorreram com os colonos, organizados como movimento social dos desapropriados de Papanduva, algumas inclusive com os ministros militares. Ações judiciais que nunca fizeram justiça, greves de fome e longos acampamentos foram montados tanto em Papanduva, quanto em Florianópolis. Apesar da corporação militar nunca respeitar a legalidade nem a propriedade que não lhes pertencia, em determinado momento ela reconheceu que tais terras eram extremamente férteis e que seriam mais úteis à nação se utilizadas produtivamente.

MST: a luta é prá valer. Em 2003 o MST protocolou diretamente com Lula, em Brasília, a solicitação pela desapropriação da área militar de Papanduva. Em 2005 o mesmo foi feito com o Vice-Presidente, José Alencar, então Ministro da Defesa. Nenhuma resposta.

Na madrugada de 15.04.07 camponeses organizados pelo MST e apoiadores urbanos adentram numa zona utilizada para plantação de soja, pois o exército cedeu irregularmente cerca de 1/3 do campo militar para fazendeiros da região.

Esta reocupação, a primeira após o fim do regime militar, também enfrentou as forças armadas. Uma operação de guerra ocorreu, com a presença de tanques, carros blindados e até ambulância do exército. O acampamento foi todo cercado, e ninguém mais nele podia entrar. A noite foi de terror psicológico: barulho de tanques manobrando e poderosíssimos alto-falantes ameaçam invadir o precário acampamento dos sem terra.

Ao movimentarem agressivamente forte aparato bélico contra civis pacíficos, não apenas o Exército deixa de cumprir sua missão de defender o povo e a nação: noções de honra, coragem e profissionalismo deixaram de fazer sentido para o mesmo.

Reivindicamos que o governo Lula faça imediatamente justiça, pagando as indenizações para famílias expulsas há 5 décadas, bem como utilize desta nobre área agrícola para fins de reforma agrária

REFORMA AGRÁRIA JÁ !!!

[Textos] Projeto de Bolsa PERMANÊNCIA para SUBSTITUIR a Bolsa TREINAMENTO

Pessoal,

To mandando um texto pra ajudar na discussão das bolsas que vai ter no CEB, na quarta.É sobre as festas.

PROJETO DE BOLSA PERMANÊNCIA PARA SUBSTITUIR A BOLSA TREINAMENTO
Umas das maiores lutas travadas no movimento estudantil recentemente, se referem às famigeradas "bolsas treinamento". Para quem não sabe, essas bolsas são destinadas a estudantes de baixa renda da UFSC, que apartir de um apanhado de documentos que comprovem a carência e a falta de recursos para se manter em Florianópolis, são contemplados com essas bolsas.
No regulamento atual, elas "devem” estar ligadas a área de atuação do aluno, fazendo com que essa bolsa seja destinada para complemento da formação do estudante e possibilidade de manutenção nessa universidade pública. Mas a realidade esconde o verdadeiro caráter dessa bolsa que hoje contam com 400 vagas dentro da universidade, fora as aproximadamente 150 vagas do HU, que são pagas com dinheiro do SUS.
Com a ausência de concursos públicos para se contratar técnicos administrativos na UFSC a terceirização é um caminho, e outro é a bolsa treinamento. Serviços administrativos e de atendimento ao público são feitos por esses bolsistas no HU, além de setores como BU, LABUFSC e Museu Universitário. Os setores administrativos dos cursos de graduação e pós-graduação, além das creches da universidade, também são exemplos de setores onde esses alunos são alocados. Poucos alunos realmente são alocados em setores que tenham a ver com seu curso.
A insatisfação e o começo da luta pela regularização dessa bolsa e por melhorias nesse direito, vêm do 1° Fórum dos Direitos Estudantis de maio de 2005. Esse evento proporcionou uma grande mobilização dos bolsistas da UFSC, que insatisfeitos com o valor do "salário" (200 reais) e com as condições de "trabalho", entraram em greve em junho de 2005, mostrando que com a paralisação desses "estagiários", muitos setores foram paralisados (LABUFSC, BU, muitos setores do HU e creches da UFSC).
Após muita luta os bolsistas conseguiram que a bolsa chegasse aos atuais 300 reais, e que a discussão de um outro regulamento para essas bolsas fosse elaborado por uma comissão com participação estudantil.
Do fim do ano de 2005, até outubro de 2006, a proposta resultado dessa comissão foi amplamente discutida em assembléias estudantis para que esse projeto representasse o anseio desses estudantes. Além de tudo isso, já passou pelo conselho Universitário que tirou 5 diretrizes gerais dessa proposta, rejeitando apenas a diminuição da carga horária, que continua a ser de 20 horas semanais e não de 12 como era na proposta inicial.
De resto, o projeto da comissão de regulamentação das bolsas fez as seguintes alterações na bolsa treinamento:
- Alterou o nome para BOLSA PERMANÊNCIA
- Aumentou o tempo do contrato e respectivamente de recebimento da bolsa de 10 para 12 meses (Ou seja, o ano todo).
- Colocou a “obrigatoriedade” de que essa bolsa seja ligada a projetos de pesquisa ou extensão, que serão avaliados e classificados por uma comissão interna de cada centro composto por um estudante a cada um professor, democratizando a escolha. Esse estudante deve ser escolhido pelo Centro Acadêmico de cada curso.
- Colocou que todo o estudante que tenha cadastro sócio econômico aprovado pela PRAE deverá receber obrigatoriamente o valor correspondido da bolsa, mesmo quer não tenha projeto em sua área. Ele receberá até que a PRAE encontre um projeto de pesquisa ou extensão em que possa ser alocado.
- O valor da bolsa não poderá ser reduzido e todo o ano as pró-reitorias responsáveis pelas finanças, juntamente com o DCE, discutirão o novo valor a ser aprovado pelo CUn.
- O bolsista poderá se afastar, sem precisar repor quando tiver estágio obrigatório, atividades acadêmicas e estudantis (Congressos, encontros, assembléias, etc...), licença maternidade e doença.

Esses avanços na legislação são essenciais para que possamos mudar o caráter cruel dessas bolsas, que são em grande número para se atender as necessidades dos setores que tem defasagem de trabalhadores técnicos administrativos. Esse primeiro passo é importante para uma ulterior cobrança do movimento estudantil para que não haja mais abusos.
Mas esse documento passou por mudanças, a partir de uma analise da “consultoria jurídica” da reitoria. No Conselho Universitário do dia 24 de março, o reitor a apresentar a proposta devidamente alterada pelos advogados, falou que o teor não mudou em nada, apenas foram adaptadas as linguagens jurídicas. Mas não é bem assim.
Alguns daqueles pontos mencionados acima, sofreram modificações drásticas, sendo que no documento apresentado aparecem as justificativas para tais mudanças, além de algumas “sugestões”. Entre as principais mudanças da “consultoria jurídica” estão:
- A inclusão da categoria de projeto INSTITUCIONAL, além dos projetos de pesquisa e extensão. Essa possibilidade dá brechas bolsas em projetos institucionais do HU, LABUFSC, setores administrativos, creches, etc...
- A Universidade somente assegurará pagamento da bolsa ao estudante que não tiver projeto em sua área de atuação, por 30 dias. A nossa proposta, como mencionada acima, obrigava que a universidade assegurasse o pagamento até que fosse encontrado projeto em sua área. Essa alteração é sugestão da própria PRAE.
- Os representantes estudantis que participarem da comissão de seleção e avaliação dos projetos não terão direito a bolsa.
- O contrato da bolsa continua por 12 meses da proposta original, mas há um artigo que restringe oi recebimento da bolsa nas férias ao mencionar que o estudante tem o “direito” de requerer a suspensão das atividades nas férias e da remuneração no período de recesso.
- O edital que a PRAE colocará para seleção de projetos e bolsistas, restringe as bolsas a um número de vagas. Isso quer dizer que caso esse projeto vingue e seja aprovado, a reitoria poderá oferecer um número ínfimo de bolsas, pois não servirão mais para tapar buraco em setores que faltam trabalhadores.
É necessário que nós possamos aprovar o projeto mais avançado o possível e que possamos estar fiscalizando o respeito a esses bolsistas. As várias intervenções do Ministério do Trabalho na Universidade, com relação a essa exploração de mão de obra barata comprovam que essa política não será facilmente vencida.
No próximo Conselho Universitário, que será chamado extraordinariamente no dia 10 ou 17 de abril, deve ter uma grande participação estudantil, pois sabemos que aquele espaço é corrompido pelo grande número de representantes professores indicados pela reitoria, apartir das pró-reitorias e das direções de centro que não tem um processo de eleição mais democrático. O número reduzido de representantes estudantis (apenas 6, num universo de mais de 50), demonstra que nossa grande força será na pressão de um movimento estudantil que lute por uma universidade mais justa que garanta além do acesso de todos, a permanência para que qualquer estudante de baixa renda possa continuar estudando.
VALOR DA BOLSA
Respeitando as deliberações do 1° Fórum dos Direitos Estudantis de 2005, onde a discussão do valor das bolsas foi entendida entre todos os segmentos da comunidade universitária como direito a PERMANÊNCIA nessa universidade, teremos de voltar a discutir o valor atual que não chega nem perto do mínimo tirado naquele evento. Um salário mínimo mais dez porcento foi a deliberação do encontro, como valor de garantia da permanência desses estudantes para pagar moradia, alimentação, transporte e demais gastos.
Conforme o salário mínimo atual, o valor da bolsa deveria ser de R$418,00. Mesmo sabendo que esse valor muitas vezes, não cobre todas as despesas, deveremos lutar para que ao menos ele seja respeitado.
Por tudo isso essa deve ser mais uma luta que os estudantes deverão travar no Conselho Universitário, pois como vimos à dois anos atrás, esse questão não é muito bem vista pela administração geral da UFSC, que utiliza a mão de obra barata desses bolsistas para manter muitos setores abertos, sem ao menos lutar por mais concursos públicos que supram essa demanda e recoloquem o estudante em projetos de pesquisa e extensão correspondentes a sua área.

[Textos] Será o fim das festas na UFSC?

Pessoal!
Para discutirmos e aprovarmos amanhã na discussão de festas.
RODRIGO
Será o fim das festas na UFSC?
No dia 20 de abril desse ano o Centro Acadêmico Livre de Ciências Sociais realizou a sua festa de encerramento da VIII Semana de CSO. Com música, cerveja e integração buscamos proporcionar não só aos estudantes da CSO, mas como de toda a universidade, um momento mais lúdico, depois de uma semana inteira de debates, palestras e discussões.
No mesmo dia realizamos um sarau no Palquinho do Bosque para reativar aquele espaço cultural estudantil, que foi criado apartir de reivindicações estudantis, além de passarmos o filme “The Wall” nas paredes do CFH, iniciando um projeto cultural de revitalizarmos o bosque do CFH, que chamamos de Projeto Paredão.
Mas voltando a festa, podemos dizer que nunca tivemos tanta dificuldade para realiza lá na UFSC. O procedimento padrão “imposto” pela Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE), dificulta ao extremo a liberação das festas, além de toda uma falta de orientação mais precisa e de uma concepção restritiva e criminalizadora por parte da Reitoria, que ao nosso ver quer impedir esses eventos de grande importância na integração do movimento estudantil.
O interessante é perceber que toda essa burocracia imposta aos estudantes, vem do processo de uma pseudocomissão, (com a participação de um DCE autoritário que tentou impor a sua posição favorável a essa burocratização e que foi rejeitado pela entidade acima do DCE, o Conselho de Entidades de Base-CEB) que encaminhou seus resultados para a canetada da reitoria. Esse assunto de importância significante a comunidade acadêmica, não passou nem pelo Conselho Universitário (Cun).
Mas mesmo assim nos propormos a seguir esse regulamento para a festa de encerramento da semana. Os procedimentos foram todos respeitados, mas é interessante colocar alguns pontos para uma reflexão que nos chamaram a atenção nesse processo:
- Falta de orientação precisa por parte da reitoria: a exigência a essa burocracia para “todo evento organizado pelas entidades estudantis” (tentaram exigir que fizéssemos o mesmo procedimento para o Sarau que realizamos no período da tarde de sexta), não vem acompanhada de uma orientação mais precisa de como conseguir os documentos. Somente nos foi passado os órgãos a serem pedidos liberação, sem nos dizer a quem eram pagas e quanto eram as taxas, os horários em que poderíamos ir a tais instituições e o que é pior, a reitoria não está correndo atrás de uma negociação com os bombeiros e a FLORAM para se conseguir uma liberação mensal para a Concha Acústica.
- Imposição de horários para festas: Quando se pergunta a reitoria o porque dessa restrição e dessa burocracia, a resposta sempre é a mesma: “a comunidade e os órgãos fiscalizadores é quem estão impondo”. Mas foi uma surpresa para nós descobrir que a liberação da FLORAM (Cuida da questão da poluição sonora) nos permitiu o som até as 7 horas da manhã a 50 decibéis, e a Delegacia de Policia aumentou o prazo de término da festa para até as 2 horas da manhã (A PRAE colocou como limite do som da festa, até a 1 hora, e mesmo depois da liberação dos órgãos, continuou com a posição de que o som deveria se encerrar a 1 hora).
- Burocratização para qualquer evento estudantil e criminalização para quem infringir essa regra imposta: Quando colocamos a possibilidade se fazer um sarau com música no palquinho do bosque, das 16 às 20 horas, o Diretor do Departamento de Assuntos Estundatis, Eugênio Luiz Gonçalves, queria que fizéssemos o mesmo procedimento de pedido de liberação de evento. O que nos deixa mais indignados é que o decreto da Reitoria, avalizado pelo DCE, somente regulamenta eventos de entidades estudantis. Então as construções de prédios na UFSC, as festas que a reitoria e os candidatos a reitor farão durante a eleição pra reitor neste ano, eventos de professores e técnicos não precisarão do mesmo processo de liberação de poluição sonora? E ainda para fortalecer essa “regulamentação imposta” a reitoria está fazendo boletins de ocorrência interno aos organizadores de “horas felizes” que não estão pedindo liberação. O diálogo dessa reitoria como bem sabemos se da sempre na base de processos administrativos ou criminais.
- Conivência dos “meninos de recado” do DCE: Ao invés de defenderem o direito estudantil de promoção de eventos e integração entre os estudantes, esses estudantes que fizeram parte de tal comissão de regulamentação de festas, não chamaram nenhum CEB para se discutir esse assunto, a não ser quando 18 Centro Acadêmicos se manifestaram contra a resolução. Há duas semanas o DCE organizou uma festa e para legitimar tal legislação contratou mais de vinte seguranças, e uma ambulância. Agora perguntamos: Temos condições de fazer festas profissionais, nós entidades estudantis e não empresas de entretenimento? E cadê a prestação de contas das duas festas que o DCE fez em sua gestão?
Essa discussão de regulamentação das festas deve realmente ser discutida em espaços democráticos, como os CAs e o CEB, a fim de podermos construir conjuntamente uma proposta do movimento estudantil, que não venha a reboque das “instruções” da reitoria. Devemos, isso sim, reivindicar dessa reitoria mais espaços culturais e artísticos, estrutura e condições de funcionamento. Os alvarás, a segurança, o local são suas obrigações e fica cada vez mais claro que essa política não é interessante pois a integração entre os estudantes faz com que os mesmos fiquem mais fortes.
É claro que para a segurança de todos devemos ter alguns procedimentos para se fazer uma festa grande na Concha Acústica, por exemplo. Mas para nós do Centro Acadêmico Livre de Ciências Sociais, fica mais claro que da maneira como está sendo tocada essa questão, tanto pelo DCE quanto pela reitoria, e pela dificuldade proporcionada tanto pelo processo de liberação quanto pela reitoria novamente, as festas de integração, as horas Felizes e mesmo eventos artísticos como sarais e teatros serão banidos dessa universidade com a desculpa esfarrapada de que os “órgãos competentes” não deixam pelo barulho. Se essa for a lógica não só as festas mas também as construções de prédios serão banidas, sem a autorização da FLORAM!
Centro Acadêmico Livre de Ciências Sociais

22 de abr. de 2007

[Textos] Universidade Nova: adequação ao Projeto Bolonha?

EDUCAÇÃO
Reviravolta no ensino

Polêmico, projeto Universidade Nova prevê o fim do vestibular tradicional e um diploma de nível superior em três anos. Em 2008, UnB deve adotar a proposta, que conta com o apoio do Ministério da Educação


Aline Falco
Da equipe do Correio
Paulo H. Carvalho/CB - 13/4/07
No terceiro ano do ensino médio, Thaís Malheiros, 17 anos, planeja prestar vestibular para a arquitetura, mas não esconde suas dúvidas
 
Ter um diploma de nível superior sem, necessariamente, ter uma profissão específica. Entrar na universidade sem precisar passar pelo estresse do vestibular. Poder aprender de tudo um pouco, antes de decidir o que fazer. A Universidade Nova, proposta de uma estrutura acadêmica mais flexível e de um novo sistema de títulos para as instituições federais de ensino superior, oferece um novo parâmetro para o ensino superior no país. Sete universidades brasileiras já estão discutindo essas mudanças, que podem começar a valer em 2008. 

A proposta conta coma simpatia do Ministério da Educação (MEC) que deve editar, ainda este mês, uma portaria criando uma linha de apoio financeiro às universidades que apresentem projetos de mudanças na estrutura acadêmica. A Universidade Nova deve ser uma das contempladas pela nova norma. 

A única obrigação exigida pelo governo federal será a de aumentar, no prazo de 10 anos, em 90% o número de alunos, e garantir a permanência de 90% estudantes até o final do curso. Para o MEC, as mudanças acadêmicas podem aumentar o número de vagas no ensino superior. 
A Universidade de Brasília (UnB) é uma das instituições que deve adotar o novo modelo a partir do próximo ano. A estrutura nova não deve extinguir o modelo existente. “Essa é uma mudança estrutural, que demanda recursos e não será feita de uma hora para outra”, explica Timothy Mulholand, reitor da UnB. 
A discussão sobre a transformação da arquitetura acadêmica da universidade não é nova. Já na década de 30, o educador Anísio Teixeira pregava um modelo mais flexível de ensino superior. Em agosto do ano passado, a idéia voltou a ganhar força, incentivada pelo reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Naomar de Almeida Filho. “A inflexibilidade da estrutura acadêmica atual já não atende mais os requisitos de um mundo globalizado. É preciso formar pensadores”, diz. 

Já foram realizados dois seminários nacionais e diversos encontros regionais para discutir a proposta. “A questão acadêmica, que é central, sempre ficou marginalizada em tentativas anteriores de reforma. Agora, é a oportunidade de debatermos o assunto”, diz Timothy Mulholland. 

Ainda não se chegou a um consenso de modelo unificado para que todas as universidades atuem da mesma maneira. E talvez não se chegue. A idéia é que cada instituição se organize de acordo com suas características. Mas a proposta tem uma base comum. Em vez de entrar diretamente em um curso de engenharia ou arquitetura, por exemplo, o jovem vai ingressar em uma formação geral, que está sendo chamada de Bacharelado Interdisciplinar, que será feito em grandes áreas, como Saúde, Artes, Ciências. Após um período médio de três anos no bacharelado, o universitário receberá um diploma de nível superior. Com esse título, a pessoa já pode seguir para concursos públicos ou para o mercado de trabalho. 

Em seguida, o estudante que quisesse continuar os estudos ingressaria na segunda etapa do projeto, com disciplinas voltadas para profissões específicas. A duração dessa fase dependerá do curso escolhido. Medicina e direito, por exemplo, devem durar mais do que uma formação em letras. 

Pós-graduação 
O terceiro ciclo é o da pós-graduação, que se dividiria em acadêmica ou profissional. Os estudantes que quiserem seguir uma carreira acadêmica poderiam, por exemplo, sair do bacharelado diretamente para o mestrado, sem precisar necessariamente passar pelo profissionalizante. 

Para Timothy, a Universidade Nova permite escolhas mais maduras, porque o jovem pode transitar por várias áreas do conhecimento, antes de decidir o curso. “O modelo de universidade atual é cruel com os jovens, obriga a fazer escolhas muito cedo”. A estudante do terceiro ano do ensino médio Thaís Malheiros, de 17 anos, conhece a realidade de perto. Vai fazer vestibular no fim do ano e tem que escolher uma profissão. “Vou fazer a prova para arquitetura, mas não tenho certeza se é isso que eu quero”, confessa. “Para mim, seria ideal cursar três anos de um bacharelado em artes antes de decidir o que fazer”. 

O processo seletivo também está sendo repensado. O vestibular, como existe hoje, tende a acabar. Além da seleção para o ingresso na universidade, o estudante que quiser continuar os estudos depois de ter obtido o diploma de bacharel terá que passar por outro processo de seleção.

 Para mim, seria ideal cursar três anos de um bacharelado em artes, antes de decidir o que fazer 

Thaís Malheiros, estudante


Modelo antigo será mantido

A proposta não impõe a Universidade Nova como único modelo a ser seguido. “Um bom profissional hoje passa por uma formação mais ampla. Ele aprende a enfrentar situações inovadoras, a ter uma nova visão de país. Portanto, a mobilidade acadêmica deve ser um elemento comum entre todas as arquiteturas”, avalia Ronaldo Mota, Secretário de Educação Superior do Ministério da Educação (MEC).

Para receber os repasses de recursos do mi-nistério, as universidades terão ainda que aumentar as políticas de inclusão social e articular o ensino superior com os outros níveis de educação. O projeto de reestruturação, antes de ser apresentado ao MEC, tem que ser aprovado pelo conselho de cada universidade.

Debates
A Universidade de Brasília e a Universidade Federal da Bahia (UFBA) já estão debatendo seus projetos com os respectivos conselhos. A intenção é que, já em 2008. as mudanças comecem a ser implementadas nas duas instituições.

De acordo com Naomar de Almeida, reitor do (UFBA), o principal objetivo da Universidade Nova é superar os limites e os problemas da atual universidade no Brasil. Um deles é o da inflexibilidade dos currículos.

“A universidade não está atendendo à demanda da sociedade, não oferece formação abrangente. Estamos no século do conhecimento”, argumenta. Outro, é o da evasão. Segundo o MEC, em 2005, o percentual das pessoas que abandonam cursos nas universidades federais foi de 40%. 

Tentativas frustradas

A idéia de uma estrutura mais flexível para o ensino superior não é nova. Por duas vezes, já foi feita a tentativa de implementar projetos que inspiraram a Universidade Nova. Em meados da década de 30, Anísio Teixeira criou a Universidade do Distrito Federal, com a proposta do ciclo básico. Mas o projeto foi abafado pelo Estado Novo de Getúlio Vargas. A idéia voltou à tona por iniciativa de Darcy Ribeiro na década de 60, com a criação da Universidade de Brasília (UnB). A forma inovadora foi reprimida pelo regime militar. 

Curso superior em três ciclos

Bacharelado interdisciplinar: os estudantes cursarão pelo menos três anos de disciplinas em grandes áreas, como saúde, ciências, humanidades e sairão com diploma de nível superior.

Ensino profissionalizante/licenciatura: após o bacharelado interdisciplinar, os universitários poderão optar por cursos profissionalizantes ou pela licenciatura. Para isso, terão que passar por um processo interno de seleção.

Pós-graduação: será dividida em profissional e acadêmica. O aluno poderá sair direto do bacharelado acadêmico para a pós sem necessariamente ter feito um curso de profissionalização ou licenciatura. 

[CALCS] Sugestão de Pauta para reunião!

Pessoal!

Depois de uma semana de sociais que detonou, temos agora nessa terça feira uma reunião muito importante. Questões do ME da UFSC urgentes estão para essa semana como o CEB que vai ser nessa quarta feira, tratando da questão das bolsas e das festas (Eu vou fazer um texto pra contar a odisséia da liberação de nossa festa, pra passar para os outros CAs), além do CUn de terça tratando dessas questões, e o processo de escolha de delegado para o Congresso Estatutário da UCE que será no dia 5 e 6 de julho.

Por isso minha sugestão de pauta para essa reunião é:

*CEB (Bolsas e Festas)
*Congresso e processo de escolha de delegados para a UCE
*Projeto de espaço novo para o CA

Acho que já fecha e contempla a discussão dessa semana, mas nesse email mesmo ou antes da reunião de terça avaliamos essa pauta.

Até terça.

RODRIGO

[UFSC] Reunião Comitê contra a Reforma Universitária

Olá Gente!

Nesta Terça dia 17, em Plenária com mais de 50 estudantes e diversos CAs, devido à necessidade de defesa da Educação Pública e rearticulação do Movimento Estudantil de luta, foi criado o Comitê contra a Reforma Universitária - UFSC, com uma série de encaminhamentos que iremos disponibilizar mais a frente;

Para dar seguimento a esta luta chamamos a todos para:

Reunião do Comitê contra a Reforma Universitária da UFSC
* Aprovação de Manifesto e outros encaminhamentos


Segunda, 12h
no Hall do Centro Tecnológico (CTC)

Entre para a lista de emails do Comitê:
ufsccontrareforma- subscribe@ yahoogrupos. com.br

19 de abr. de 2007

[Debates] O Futuro da Universidade

Pessoal!!!!
Como parte da programação da VIII Semana de Ciências Sociais, hoje a noite haverá uma palestra sobre temas como Reforma Universitária, Universidade Nova e os Rumos da Universidade.
19:00 - Mesa : "O Futuro da Universidade" Marcelo Badaró Mattos – UFF, josé de Assis Filho – SINTUFSC, Agostinho Macedo Beghelli Filho – ANDES, e talvez alguém do DCE.
L ocal: Auditório do Centro de Convivência – UFSC
Participe de mais esse espaço de discussão sobre a reforma!!!!

18 de abr. de 2007

[Cinema] Circuito de Cinema Latino-Americano e e Caribenho “Alí Primera”

Circuito de Cinema Latino-Americano e e Caribenho “Alí Primera”
"La inocencia no mata al pueblo
pero tampoco lo salva,
lo salvará su conciencia
y en eso me apuesto el alma"
Começa neste 18 de abril, quarta-feira, o Circuito de Cinema Latino-Americano e Caribenho “Alí Primeira”, uma proposta do Instituto de Estudos Latino-Americanos da UFSC (IELA). A idéia é, através do cinema, de maneira sistemática, mostrar a vida que se expressa nessa parte do continente. A indústria cultural estadunidense enche as salas de projeção com suas produções, recheadas de ideologia, enquanto que os realizadores latino-americanos não encontram espaço para mostrar a sua arte. Através do IELA, pretende-se fazer esse caminho de divulgação, sempre colado ao conhecimento da vida, da política e da conjuntura de cada país. A intenção é fomentar a reflexão sobre os temas latino-americanos e enveredar pela lógica da criação de um pensamento próprio, descolonizado.
Na América Latina e no Caribe existe muita gente capaz de refletir de maneira original a realidade social da região. Em cada um dos países de Abya Yala (a grande pátria) assomam diretores, escritores, atores, que se esmeram em retratar a problemática social, econômica, cultural e política de seus países e expressam isso através da arte cinematográfica. Tudo isso dentro de uma visão contra-hegemônica, não só do caráter eurocêntrico da reprodução da vida, mas do próprio sistema que engendra essa ideologia: o capitalismo. Assim, entendendo que o cinema é um elemento importante de questionamento e do despertar da consciência crítica, nasce esse circuito de cinema, que leva o nome de uma dos mais importantes artistas populares de Abya Yala: Alí Primera.
Alí Primeira nasceu na Venezuela e pautou sua vida na denúncia da dominação estadunidense sobre a Pátria Grande. Vindo das entranhas do povo ele nunca deixou de cantar o sofrimento das gentes, mas sempre anunciando a boa nova que viria se houvesse a luta. Fundador do Movimiento al Socialismo (MAS), ativista político, poeta revolucionário, Alí ficou conhecido como o “cantor do povo” e sua voz potente é sempre um hino ecoando por toda Abya Yala.
O circuito de cinema já tem programação para abril e maio. Antes da projeção será apresentado um breve resumo da conjuntura do país em foco.
Data
Filme
Local
18/04 - quarta-feira -18h30
Memorias del subdesarrollo/Cuba
Aud. CSE
26/04 - quinta-feira - 18h30
A revolta do Busú /Brasil
Aud. CSE
03/05 - quinta-feira - 18h30
Voces inocentes/ El Salvador
Aud. CSE
09/05 - quarta-feira - 18h30
Romero/ El Salvador
Aud. CSE
Mais informações no telefone: 3721.9297 – ramal 37 ou 99078877