SELETO GRUPO
A escalação do time que comanda a educação no país
Já são sete os anos em que a educação brasileira é comandada por um ex-reitor de universidade pública. Sua história poderia lhe garantir um mínimo de credibilidade como técnico do time do Ministério da Educação. Afinal, o professor de economia Paulo Renato Souza se tornou diretor máximo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) depois de ter liderado, como diretor da associação dos docentes daquela universidade, a campanha contra os desmandos do então governador biônico Paulo
Maluf.A escalação do time que comanda a educação no país
Já são sete os anos em que a educação brasileira é comandada por um ex-reitor de universidade pública. Sua história poderia lhe garantir um mínimo de credibilidade como técnico do time do Ministério da Educação. Afinal, o professor de economia Paulo Renato Souza se tornou diretor máximo da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) depois de ter liderado, como diretor da associação dos docentes daquela universidade, a campanha contra os desmandos do então governador biônico Paulo
Com o PSDB no governo federal, Souza alcançou o posto máximo do MEC. Por mais internacionalizadas (ou interna-cionalistas) que tenham sido suas atividades como economista, era de esperar que, uma vez no ministério, se cercasse de colegas da academia, pessoas com passado (como ele) no sistema público de ensino.
Não foi bem assim, principalmente em relação ao ensino superior. Tendo a prerrogativa de escolher seus secretários assessores e indicar, com o consentimento do presidente-sociólogo, os membros do Conselho Nacional (ex-Federal) de Educação (CNE), Paulo Renato pôs sentados nas cadeiras poucos ex-colegas. Destes, alguns têm currículo preenchido na burocracia da universidade, e exerceram cargos para os quais foram escolhidos ditatorialmente ou presidiram associações sem qualquer expressão. Outra parte trocou a pouco lucrativa atividade acadêmica (ou burocrática) da universidade pública para se dedicar ao ensino privado. Há também autênticosrepresentantes documentados dos empresários da educação.
São homens da estirpe de Ronald Levinson, dono da Universidade onde se deposita, possivelmente, o saldo do golpe dado por ele nos investidores da poupança Delfin. Ou de João Carlos Di Genio, imperador da cadeia Objetivo/Unip, sobre quem nada (ainda) se pode provar de desabonador, a não ser que é mestre em usar armas iguais a de qualquer empresário (lobby, boas relações com a imprensa, discrição e negócios em segredo) para ganhar dinheiro com um direito: educação.
A seguir, o seleto grupo que tem decidido os rumos do ensino superior no país:
PAULO RENATO SOUZA
Ministro da Educação, é economista formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mestre pela Universidade do Chile e doutor pela Unicamp, onde foi professor e reitor. Pesquisador visitante na École de Hautes Études en Sciences Sociales, Paris, e no Institute for Advanced
Study, Princeton, EUA. Na década de 70, foi especialista das Nações Unidas em questões de empregos e salários e diretor-adjunto do Programa Regional do Emprego para a América Latina e o Caribe. Depois, gerente de operações e vice-presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Antes de chegar ao ministério, foi secretário de Educação do Estado de São Paulo e presidente da Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo. Ministro da Educação, é economista formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mestre pela Universidade do Chile e doutor pela Unicamp, onde foi professor e reitor. Pesquisador visitante na École de Hautes Études en Sciences Sociales, Paris, e no Institute for Advanced
MARIA HELENA GUIMARÃES
É presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), órgão responsável pelas estatísticas do MEC e dos preciosos Provão, Enem e Saeb. Desde junho, acumula o cargo de secretária de ensino superior. É formada em sociologia e mestre em ciência política pela Unicamp. Na Universidade de São Paulo (USP), busca o título que é exigido para qualquer professor dirigir uma unidade de universidades públicas, o doutorado. Foi secretária
municipal de educação em Campinas e, em 1994, presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), que ganhou notoriedade exatamente a partir do seu mandato. Representa o MEC em praticamente todos os organismos internacionais e associações governamentais de educação. É presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), órgão responsável pelas estatísticas do MEC e dos preciosos Provão, Enem e Saeb. Desde junho, acumula o cargo de secretária de ensino superior. É formada em sociologia e mestre em ciência política pela Unicamp. Na Universidade de São Paulo (USP), busca o título que é exigido para qualquer professor dirigir uma unidade de universidades públicas, o doutorado. Foi secretária
ABÍLIO BAETA NEVES
Amigo pessoal de Paulo Renato, é coordenador da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e foi secretário de ensino superior. Sua saída desse cargo, em 1999, foi acelerada pela inabilidade em conduzir as negocia-ções com os professores das universidades federais durante a greve de cem dias em 1998. É professor de ciência política na UFRGS.
Amigo pessoal de Paulo Renato, é coordenador da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e foi secretário de ensino superior. Sua saída desse cargo, em 1999, foi acelerada pela inabilidade em conduzir as negocia-ções com os professores das universidades federais durante a greve de cem dias em 1998. É professor de ciência política na UFRGS.
ANTÔNIO MACDOWELL FIGUEIREDO
Ex-secretário de ensino superior. Deixou o cargo em meio às confusões sobre o abre-e-fecha de cursos que envolveram o CNE. Como membro nato do conselho,
Figueiredo votou contra o parecer do MEC sobre o fechamento da Faculdade Brasileira de Ciências Jurídicas, do Rio. Era e voltou a ser sub-reitor de pesquisa e pós-graduação da UFRJ. Ex-secretário de ensino superior. Deixou o cargo em meio às confusões sobre o abre-e-fecha de cursos que envolveram o CNE. Como membro nato do conselho,
ÉFREM DE AGUIAR MARANHÃO
Médico, passou por todos os escalões da UFPE até chegar a reitor. Já exerceu a presidência do CNE, onde hoje é membro da Câmara de Ensino Superior. Seu irmão, Magno Maranhão, é dono/reitor do Centro Universitário Augusto Motta, no Rio, e presidente da Associação Nacional dos Centros Universitários (Anaceu), que indicou Éfrem para o CNE. É conselheiro desde 1996.
Médico, passou por todos os escalões da UFPE até chegar a reitor. Já exerceu a presidência do CNE, onde hoje é membro da Câmara de Ensino Superior. Seu irmão, Magno Maranhão, é dono/reitor do Centro Universitário Augusto Motta, no Rio, e presidente da Associação Nacional dos Centros Universitários (Anaceu), que indicou Éfrem para o CNE. É conselheiro desde 1996.
ARTHUR ROQUETE DE MACEDO
Atual presidente da Câmara de Ensino Superior do CNE. Foi reitor da Unesp. Aposentado, passou a se dedicar à Fundação Cesgranrio, entidade filantrópica que presta consultoria a instituições de ensino e foi agraciada pelo MEC, como a Fundação Carlos Chagas, com os contratos
para elaboração e aplicação do Enem e do Provão. Atual presidente da Câmara de Ensino Superior do CNE. Foi reitor da Unesp. Aposentado, passou a se dedicar à Fundação Cesgranrio, entidade filantrópica que presta consultoria a instituições de ensino e foi agraciada pelo MEC, como a Fundação Carlos Chagas, com os contratos
JOSÉ CARLOS ALMEIDA DA SILVA
É vice-presidente da Câmara de Ensino Superior do CNE. Ex-professor da UFBa, virou reitor da Universidade Católica de Salvador (UCSal). É presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (CRUB). Foi indicado para o conselho pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), responsável pelo Senac, que hoje oferece cursos superiores dos mais variados. Está no CNE desde 1996.
É vice-presidente da Câmara de Ensino Superior do CNE. Ex-professor da UFBa, virou reitor da Universidade Católica de Salvador (UCSal). É presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (CRUB). Foi indicado para o conselho pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), responsável pelo Senac, que hoje oferece cursos superiores dos mais variados. Está no CNE desde 1996.
CARLOS ALBERTO SERPA DE OLIVEIRA
Membro do CNE desde 1996, é mais um conselheiro a ter ligações com a Fundação Cesgranrio, a qual preside. É ex-reitor da Universidade Gama Filho, do Rio. Também foi indicado para o conselho pela CNC, além de ter o voto da Academia Brasileira de Educação (ABE), da qual foi presidente.
Membro do CNE desde 1996, é mais um conselheiro a ter ligações com a Fundação Cesgranrio, a qual preside. É ex-reitor da Universidade Gama Filho, do Rio. Também foi indicado para o conselho pela CNC, além de ter o voto da Academia Brasileira de Educação (ABE), da qual foi presidente.
ROSE NEUBAUER
É secretária
estadual de Educação de São Paulo desde 1995 e foi alçada a membro da Câmara de Ensino Superior do CNE após a saída de Eunice Durham. Filiada ao PSDB e amiga pessoal de Paulo Renato, é pesquisadora sênior da Fundação Carlos Chagas e professora da Faculdade de Educação da USP. É secretária
EUNICE DURHAM
Professora da Faculdade de Educação da USP e pesquisadora do Núcleo de Pesquisa sobre o Ensino Superior (Nupes) da universidade, foi conselheira do CNE até junho de 2001. Quando Paulo Renato mudou as regras de funcionamento do conselho, tirando poderes na abertura e no fechamento de cursos, demitiu-se. O motivo seria a centralização das decisões, medida que ela considerou equivocada.
Professora da Faculdade de Educação da USP e pesquisadora do Núcleo de Pesquisa sobre o Ensino Superior (Nupes) da universidade, foi conselheira do CNE até junho de 2001. Quando Paulo Renato mudou as regras de funcionamento do conselho, tirando poderes na abertura e no fechamento de cursos, demitiu-se. O motivo seria a centralização das decisões, medida que ela considerou equivocada.
FRANCISCO CÉSAR DE SÁ BARRETO
Nomeado conselheiro na última renovação, em março de 2000, com a indicação da Associação Brasileira de Ciências. É reitor da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG). Além de conselheiro da Capes, tem participação em diversas comissões de apoio a iniciativas do Ministério da Ciência e Tecnologia e do MEC. Por exemplo, na organização da recente Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia. Nomeado conselheiro na última renovação, em março de 2000, com a indicação da Associação Brasileira de Ciências. É reitor da Universidade Federal de Minas Gerais
LAURO RIBAS ZIMMER
Teve onze indicações para compor o conselho, que vão desde a ABE até a Força Sindical e as confederações do Comércio, Transporte, Indústria. Foi reitor da Universidade para o Desen-volvimento do Estado de Santa Catarina, instituição pública, para depois se tornar reitor da Universidade Estácio de Sá, do empresário João Uchôa Cavalcanti. Faz parte da Associação Internacional de Universidades, ligada à UNESCO, e é membro do conselho do Instituto Catarinense de Estudos Integrados.
Teve onze indicações para compor o conselho, que vão desde a ABE até a Força Sindical e as confederações do Comércio, Transporte, Indústria. Foi reitor da Universidade para o Desen-volvimento do Estado de Santa Catarina, instituição pública, para depois se tornar reitor da Universidade Estácio de Sá, do empresário João Uchôa Cavalcanti. Faz parte da Associação Internacional de Universidades, ligada à UNESCO, e é membro do conselho do Instituto Catarinense de Estudos Integrados.
ROBERTO CLÁUDIO FROTA BEZERRA
É reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC). Teve indicação da SBPC para o cargo.
É reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC). Teve indicação da SBPC para o cargo.
VILMA DE MENDONÇA FIGUEIREDO
É conselheira desde março de 2000, indicada pela Social Democracia Sindical, braço do PSDB no movimento sindical. É professora e pesquisadora na área de sociologia na Universidade de Brasília (UnB).
É conselheira desde março de 2000, indicada pela Social Democracia Sindical, braço do PSDB no movimento sindical. É professora e pesquisadora na área de sociologia na Universidade de Brasília (UnB).
SILKE WEBER
Professora da UFPE, pesquisadora de renome, é ex-secretária de Estado da Educação de Pernambuco, durante duas gestões de Miguel Arraes. Nessa condição, colaborou para a elaboração do Fundef. Sua vaga no CNE é respaldada pelas indicações da Associação Nacional dos Pesquisadores em Educação, da SBPC e do Conselho de Secretários Estaduais de Educação. Como relatora de processos pedindo o fechamento de cursos, votou contra a decisão do MEC, como no caso da Faculdade de Direito de Sete Lagoas, Minas Gerais.
Professora da UFPE, pesquisadora de renome, é ex-secretária de Estado da Educação de Pernambuco, durante duas gestões de Miguel Arraes. Nessa condição, colaborou para a elaboração do Fundef. Sua vaga no CNE é respaldada pelas indicações da Associação Nacional dos Pesquisadores em Educação, da SBPC e do Conselho de Secretários Estaduais de Educação. Como relatora de processos pedindo o fechamento de cursos, votou contra a decisão do MEC, como no caso da Faculdade de Direito de Sete Lagoas, Minas Gerais.
YUGO OKIDA
Vice-reitor da Universidade Paulista (Unip), de João Carlos Di
Genio. É seu parceiro desde a primeira sala de aula do Colégio Objetivo. Entrou para o CNE em 1996. Afirma jamais ter votado em pareceres de interesse da Unip. Relatou, no entanto, processos iniciados por outros sócios de Di Genio. Sua atuação é a mais invocada quando o assunto são as relações entre o CNE e a iniciativa privada.Vice-reitor da Universidade Paulista (Unip), de João Carlos Di
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