25 de set. de 2008

[CFH] Serão os estudantes “impossibilitados de orientar suas escolhas por uma experiência reflexiva”?!

Serão os estudantes “impossibilitados de orientar suas escolhas por uma experiência reflexiva”?!

A configuração política no CFH e o processo de escolha da Direção de Centro.

A declaração do professor Héctor Leis, do departamento de Sociologia e Ciência Política, referente à incapacidade reflexiva dos estudantes, chocou a todos no semestre passado, porém, até agora, isso parecia apenas uma voz conservadora e solitária no nosso Centro. O que nos surpreendeu na reunião do Conselho de Unidade do CFH, realizada no dia 8 de setembro de 2008, é que essa posição conservadora teve eco no professor do departamento de Psicologia Carlos Augusto Monguilhott Remor. Este professor, que quase nunca ocupa sua cadeira nesse Conselho, foi junto de alguns de seus companheiros do departamento (ou será companheiros de chapa pra direção do CFH?) defender a mudança nas "regras do jogo" para as eleições da direção de centro, simplesmente a menos de 2 meses da eleição. Sua proposta é diferenciar o peso de cada voto individual, garantindo aos professores um peso de 70% da decisão na eleição para o cargo de Diretor de Centro do CFH. Já professor Narbal Silva (também da Psicologia e possível candidato à direção de centro) teve uma postura mais “conciliadora”, reivindicando “apenas” que cada categoria tivesse um terço do peso de decisão, ou seja, que o voto dos professores seja equivalente a 33%, dos técnico-administrativos outros 33% e os estudantes os 33% restantes. O processo que ele chama “mais igualitário”, na verdade atribui diferentes pesos para determinadas pessoas, pois um professor passa a valer 14 estudantes e um técnico 30 estudantes. Uma postura que se propõe democrática ao fim acaba transformando nossa eleição, que deveria ser recheada de debates públicos em sala de aula, nos auditórios, etc., em tentativas, por parte dos interessados, de cooptação dos setores que têm mais peso. Claro, pois nessa lógica vale mais a pena convencer um professor ou um estudante? Ou seja, o voto paritário (e a experiência de outras eleições na UFSC mostram isso) coloca a divisão por categorias acima da discussão do projeto que queremos para nossa Universidade, e no caso atual, do nosso Centro. Transforma um momento tão importante como uma eleição, em que o debate de concepções e projetos deveria ser a prioridade, em uma “troca de favores” corporativista.

É ainda importante destacar que essa vontade de discutir as "regras do jogo" em cima da eleição não é nenhum acaso. Há 16 anos que em nosso Centro foi conquistado o Voto Universal como a forma de elegermos nosso maior representante (o diretor de centro). O Voto Universal não é nenhuma aberração ou especificidade do CFH, ele é uma conquista da sociedade brasileira desde o fim da ditadura militar e só garante que o voto de qualquer pessoa seja igual ao voto de qualquer outro, abrindo assim o debate para todos que fazem parte do Centro, independente de sua classe, origem, sexo, ou qualquer outra diferença.

A defesa dos 70% de peso para professores, ou o retrocesso ao voto paritário dos 33% para cada categoria, são apenas formas de se garantir que interesses privados de uma parcela minoritária da Comunidade Universitária continuem guiando os rumos da nossa Universidade. Nós, como estudantes/professores/técnicos e antes de tudo membros da sociedade brasileira, devemos defender sempre um projeto de Universidade pública e socialmente referenciada, e não para uma minoria que quer encher cada vez mais seus bolsos a custa da Universidade. Justamente o professor que defendeu a mudança nas “regras do jogo” em cima da eleição, é o professor que teve seu projeto de Curso de Especialização Pago barrado pelo Conselho de Unidade há alguns anos. Será que essa eleição não é somente uma forma de garantir seus interesses acima da discussão de projeto de Universidade, que deveria guiar todas as decisões dentro da nossa instituição?


Para continuar essa discussão convidamos a todos para um Debate sobre o papel da Direção de Centro, no dia 30/9 (terça-feira), no Auditório do CFH, às 18:30h, com o professor Paulo Pinheiro Machado (Departamento de História).

E no dia 02/10 (quinta-feira), às 14h toda a comunidade universitária está convidada a participar da Reunião Ampliada do Conselho de Unidade do CFH, onde debateremos a forma pela qual se dará essa eleição, e caso haja uma tentativa de golpe no processo democrático do nosso centro, deveremos solicitar uma Assembléia Geral do CFH que aí sim defina a forma dessa eleição.

ORGANIZAÇÃO: CALCS – CALPSI – CALIGEO - CALH

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