Nota pública contra a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte
Hoje, 20 de abril de 2010, era o dia marcado para o leilão da energia da usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, estado do Pará. O leilão foi novamente adiado por uma liminar expedida na tarde de ontem, 19, pelo juiz federal Antonio Carlos Almeida Campelo, da subseção de Altamira (PA), que já havia concedido liminar para a suspensão do mesmo leilão no dia 8 de abril. Mas esta decisão ainda pode ser questionada na justiça.
A disputa envolvendo dois consórcios está marcada pela atuação autoritária do estado brasileiro, menosprezando o povo que vive na região da Volta Grande do Xingu. Milhares de famílias ribeirinhas, indígenas, camponesas e outras trabalhadoras da área urbana do município de Altamira terão suas vidas drasticamente alteradas caso essa obra aconteça.
Compreendendo também a posição do Brasil de grande exportador de produtos primários eletro-intensivos – que utilizam muita energia elétrica em sua produção – e o impacto dessa opção para o povo e o meio ambiente brasileiro, afirmamos que esse é um projeto que irá beneficiar apenas grandes empresas transnacionais como a mineradora Vale e Grupo Votorantim, as construtoras Andrade Gutierrez, Odebrecht, Camargo Corrêa e empresas de energia, como a Suez e a Neoenergia.
A apropriação privada da Amazônia também deve ser denunciada. A Usina de Belo Monte, além de causar danos incalculáveis à região, faz parte de um projeto de avanço desse mesmo modelo de exportação de matérias-primas eletro-intensivas que temos sido obrigados a conviver. Não por acaso a Vale e o Grupo Votorantim estão interessados nessa obra para explorar a parte do subsolo amazônico que ainda permanece preservado.
Por isso tudo, repudiamos a realização do leilão da energia de Belo Monte e nos somamos às inúmeras ações, nacionais e internacionais, que lutam contra essa hidrelétrica, projeto que coloca os interesses e o lucro de grandes grupos transnacionais acima dos interesses do povo brasileiro.
O DCE Livre da USP chama todas e todos os, estudantes, funcionários e professores da USP a tomarem conhecimento e parte nessa luta. A nossa disposição em fazer a Universidade cumprir o seu real motivo de existência é a mesma que nos mobiliza contra Belo Monte: buscar soluções para as demandas de toda a sociedade brasileira e trabalhar incessantemente para transformar o Brasil num pais justo e nosso povo soberano sobre os destinos da nação!
DCE Livre Alexandre Vannuchi Leme
20 de abril de 2010
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