Foi colocada um nova exposição na Galeria da Ponte essa semana.
Convidamos a todos para dar uma olhada nas fotos tiradas no Alto Xingu, pelo João, pesquisador do MUSA.
Segue a sinopse:
O patrocínio no Itsatxi
O itsatxi (em kamayura kwaryp) se trata de uma última homenagem ao chefe falecido onde sua alma é corporificada na aldeia através de troncos. Após o itsatxi a alma segue para a aldeia dos mortos, os familiares tiram o luto e podem fazer festa e se alegrar novamente.
Podem ser homenageados no Itsatxi apenas os chefes, aqueles que têm descendência nobre e são reconhecidos socialmente enquanto tais. Tal hierarquia entre as pessoas pode ser notada pelas insígnias usadas pelos chefes, principalmente garras e peles de onça.
O ritual conta com uma rede de prestações e contra-prestações alimentares e materiais que articula uma rede de pessoas e bens no nível regional como um todo. Os donos da festa – parentes mais próximos do homenageado – precisam articular um excedente de produção que alimente os convidados para esta festa grandiosa, que chegam a somar mais de mil.
Em todas as performances rituais alimentos são ofertados aos participantes. As coreografias em fila, os cantos entoados e os tocadores do aerofone wüpü são patrocinados por eles. São os donos também que fornecem os instrumentos musicais utilizados na festa, além das tinturas e enfeites utilizados na decoração do tronco.
O itsatxi funciona como uma grande máquina de prestígio, não só para o homenageado como também para seu dono. Somente aqueles dotados de capacidade de arregimentação são capazes de realizar tal empreendimento.
João Carlos Albuquerque Souza de Almeida
Mestrando em Antropologia - PPGAS/UFSC
Pesquisador do MUSA – Arte, Cultura e Sociedade na América Latina e Caribe
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