7 de jul. de 2010

[CSO] Disciplina Optativa - Política e Cultura "Projeto nacional: alternativas e conformismo"

 Pessoal,
aqui está uma opção de optativa do professor Ricardo Muller..
parece-me bem interessante..
besos!!
Boas ferias!!!!!!
Laurita


Proposta de disciplina optativa 
SPO 7081 Tópicos Especiais em Política V
Tema: Política e Cultura: Projeto nacional: alternativas e conformismo.
2010.2 – (4 créditos). Horário: 21830.        Turma: ?
Prof.: Ricardo G. Müller. E-mail: rgmuller@superig.com.br ou muller@cfh.ufsc.br
1. Objetivos: Propor e sistematizar as bases para uma análise crítica de aspectos teóricos e
práticos das pesquisas em C. Sociais, com ênfase na perspectiva da sociologia política.
Interpretar e discutir as condições de atualização histórico-política deste processo no contexto
das relações sociais contemporâneas. Identificar e discutir as tensões teóricas e metodológicas
predominantes nessas pesquisas, bem como alternativas. Orientar a investigação temática e
bibliográfica sobre os eixos da disciplina e identificar e propor instrumental para a realização de
leituras críticas e seminários.
Argumentos:
        O curso dá continuidade a discussões realizadas em estudos desenvolvidos em optativas
oferecidas em semestres passados. Nesse sentido, se propõe a estudar aspectos das relações entre
política e cultura por meio de eixos implícitos ao sub-tema proposto, Projeto nacional:
alternativas e conformismo.
        O ponto de partida do argumento do curso é a relação entre uma afirmação e uma
questão. No primeiro caso, a afirmação de Sebastiano Timpanaro de que “felizes as nações em
que um mesmo adjetivo [conceito] significa ‘nacional’ e ‘popular’”.
        Em disciplina anterior discutimos as indagações de Wanderley Guilherme dos Santos
(2006) em seu livro Horizonte do desejo: instabilidade, fracasso coletivo e inércia social:
“Como entender a coexistência pacífica de um país que, ao mesmo tempo, se moderniza e
enriquece materialmente e dá tratamento relapso a enorme contingente de pobres e miseráveis?”;
como explicar “por que não se terá gestado (desde o século XIX, no país) nem mesmo um
movimento popular capaz de promover, se não uma revolução, pelo menos uma extensa reforma
na vida nacional”. Wanderley Guilherme não busca explicar “as razões do aparente
conformismo nacional, mas entender como funciona” (grifos nossos).
        Assim, impõem-se novas reflexões e perguntas com base na relação proposta no
argumento: por que é e tem sido tão difícil a formação e organização de movimentos populares
consistentes com um projeto nacional, em busca dessa igualdade que, em outras palavras,
significa a construção de uma igualdade social, por meio da superação das diferenças. Ao mesmo
tempo, por que é e tem sido tão difícil romper, superar, esse “aparente conformismo nacional”;
como esse conformismo se realimenta social e politicamente, não obstante as diferentes
elaborações de projetos históricos de caráter nacional-popular no país?
        Para esse objetivo, definimos pelo menos duas novas leituras (básicas) para comparar e
contrapor suas hipóteses, abordagens, conclusões e perspectivas.
        A primeira, o recém-lançado livro de Marcelo Ridenti, Brasilidade revolucionária – um
século de cultura e política, S. Paulo, Ed. Unesp, 2010, 189 p..
        Seu livro trata de uma vertente específica de construção da brasilidade ao longo do século
XX, identificada com idéias, partidos e movimentos de esquerda, presente também em obras e
movimentos artísticos. Procura contribuir para compreender como se constituiu e depois se
esvaiu, o que certa vez Roberto Schwarz (1992) definiu como “relativa hegemonia cultural de
esquerda”, que durou pelo menos durante os anos 1960 e parte dos 1970. São cinco capítulos:
                                                                                                 2
1. Um livre pensador no movimento operário: Everardo Dias contra a República Velha.
2. Artistas e intelectuais comunistas no auge da Guerra Fria.
3. Brasilidade revolucionária como estrutura de sentimento: os anos rebeldes e sua herança.
4. A questão da terra no cinema e na canção: dualismo e brasilidade revolucionária.
5. Intelectuais na (re)democratizaçã o: Marshall Berman e seu público brasileiro.
         A segunda, trata-se também do recém-lançado livro organizado por José Álvaro Moisés,
Democracia e Confiança: Por que os Cidadãos Desconfiam das Instituições Públicas? EDUSP,
2010. Inclui contribuições de Lourdes Sola, Francisco Weffort e Raquel Meneguello, p. ex..
         O curso se propõe a acompanhar a pesquisa desenvolvida pelos autores, de modo a
compreender, contrapor e avaliar os objetivos e os resultados alcançados, por meio da leitura
crítica integral do livro. Como método de trabalho, o curso está apoiado basicamente na análise
desses livros. Evidentemente, em comum acordo, podemos rever e priorizar o foco dos estudos e
incluir, de forma adequada, títulos complementares. Oportunamente será dividida a carga de
leitura, conforme plano de trabalho/cronograma a ser definido.
         As sessões se dividem em duas partes: na primeira, um grupo previamente escolhido,
deverá elaborar um relatório dos textos indicados, apresentando-o em um breve seminário; o
mesmo grupo deverá em seguida propor pelo menos três questões de fundo para debate ainda na
primeira parte; na segunda, a discussão será ampliada com novas questões apresentadas pela
turma e pelo professor. Na primeira sessão será elaborada uma lista com os e-mails de todos os
participantes, de modo a facilitar a comunicação dentro da turma.
         As questões elaboradas pela equipes (bem como pelos demais grupos) deverão ser
encaminhadas antecipadamente para toda a turma (grupos e professor), via e-mail (ou sistema
moodle) até a véspera de cada sessão. Essa prática favorece a “costura” prévia entre as questões e
uma síntese para o debate.
         Avaliação: Discutida coletivamente no início do curso – média ponderada entre as notas e
os conceitos relativos a: apresentação de seminários e fichamentos/relatórios; uma prova e/ou
três ensaios (relativos aos temas definidos, conforme os módulos); freqüência e participação.
REFERÊNCIAS
MOISÉS, José Álvaro (org.). Democracia e Confiança: Por que os Cidadãos Desconfiam das
Instituições Públicas? S. Paulo: Edusp, 2010.
RIDENTI, Marcelo. Brasilidade revolucionária – um século de cultura e política, S. Paulo, Ed.
Unesp, 2010, 189 p..
RIDENTI, Marcelo. Em busca do povo brasileiro: artistas da revolução, do CPC à era da TV. S.
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SANTOS, Wanderley G.. Horizonte do desejo: instabilidade, fracasso coletivo e inércia social.
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ed., S. Paulo: Paz e Terra, 1992, p. 61-92.
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2001, p. 108-135.
                                                                                              3
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