16 de set. de 2010

[Evento] Convite para apresentação de Dissertação: Análise antropológica das emergentes práticas discursivas das mulheres intelectuais mayas da Guatemala (1988 - 2008)

O NEPI - Núcleo de Estudos de Povos Indígenas convida para a apresentação da dissertação de mestrado de Dina Mazariegos "Análise antropológica das emergentes práticas discursivas das mulheres intelectuais mayas da Guatemala (1988 - 2008)"  que acontecerá no NEPI (sala 313 do prédio da antropologia), nesta sexta dia 17 de Setembro às 14h. Abaixo, um resumo da dissertação.


Resumo: Esta dissertação pretende revelar como os processos econômicos, políticos e sócio-culturais, permitiram a constituição e a emergência das práticas discursivas de dez intelectuais mayas, interlocutoras neste trabalho.  Além disso, coloca em evidência como os fatos de subjetivação e objetivação dessas mulheres tiveram um papel fundamental na construção de suas trajetórias bem como, de suas diversas estratégias de resistência e transgressão. Tais estratégias resultaram em uma profunda transformação pessoal, constituindo-se também em paradigmas diferentes para as próximas gerações de mulheres mayas e para a sociedade guatemalteca em geral. Adotei como ponto de partida os relatos de dez histórias de vida que tem como pano de fundo a violência extrema contra as mulheres vivida na cotidianidade guatemalteca. Destes relatos destacam-se as relações de poder, tendo como base teórica Michel Foucault, que as explica como uma força que coage, disciplina e controla os individuos através do aparato ideológico, burocrático e bélico.  Essas relações de poder e suas diversas expressões serão enfatizadas a partir da intersecção com o gênero, a classe e a etnia, a fim de entender os nexos existentes entre as identidades dessas mulheres e seu trabalho político e intelectual.  Epistemologicamente, a Antropologia Feminista é o eixo que guia esta etnografia, já que como ferramenta teórico-metodológica torna visível o lugar das mulheres, assim como também valoriza a questão da subjetividade e o significado da experiência individual, acadêmica, coletiva dos sujeitos da pesquisa.  Paralelamente, como metodologia, revisou-se os aportes teóricos do modelo foucaulteano da “genealogia e arqueologia do saber”, para estabelecer a emergência das práticas discursivas. E, para alcançar este objetivo, se privilegiou a metodologia qualitativa, pois essa dá ênfase ao estudo dos processos sociais. Como parte da estratégia metodológica buscou-se trabalhar com a técnica de “Histórias de Vida e testemunhos”, portanto, no que se refere aos procedimentos metodológicos, cabe mencionar que a etnografia aqui não é apenas pensada como um conjunto de técnicas, mas sim como uma articulação de dados empíricos e teoria que permite contar, na fase final do trabalho, com um texto de cunho antropológico. A importância deste estudo sobre as mulheres indígenas torna-se mais uma ferramenta para que se identifiquem eventos cotidianos de resistência e transgressão nos espaços rituais, políticos, acadêmicos, territoriais, sociais, étnicos e religiosos.  Finalmente percebe-se que, embora, as protagonistas desta etnografia se desenvolvam em um sistema dominante neoliberal, elas emergem com uma série de práticas discursivas, com as quais propõem e participam da construção de uma sociedade mais equitativa, enriquecendo e transformando o conteúdo simbólico, político e social das mulheres indígenas da Guatemala e, nesse sentido, das mulheres indígenas do mundo. Mulheres intelectuais mayas que como o menciona Edwar Said (1996) desmistificam, que criticam, que estão sempre alertas à manipulação do poder e, sobretudo, lutam por sua independência intelectual, tanto desde seus espaços privados quanto dos públicos, onde elas transitam permanentemente. 

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