25 de out. de 2007

[REUNI] Golpe no Conselho Universitário: " Golpe 2 - A Missão" e "Golpe 3 - O Retorno"

" Golpe 2 - A Missão"[25 Oct, 2007|13:24]
Numa tentativa de despistar os estudantes contrários à maneira como as votações para o REUNI estão sendo conduzidas, a reitoria da UFSC transferiu o local do Conselho Universitário de amanhã.

Primeiro, a reitoria avisou que o Conselho Universitário aconteceria no Auditório da Reitoria às 9h de amanhã.

Hoje ficamos sabendo que a convocação para os conselheiros chamava o CUn para às8:30h de amanhã a ser realizado na Secretaria de Ensino à Distância (SEAD), um prédio que fica no centro de Florianópolis, aos arredores de um batalhão da Polícia Militar.


Os estudantes se concentrarão às 7:30 da manhã, em frente à reitoria para irem juntos ao SEAD.


Compareça e avise o máximo de pessoas possível sobre a mudança de horário e local.

"Golpe 3 - O Retorno"[25 Oct, 2007|20:53]
Depois de apressadamente transferido para um prédio da UFSC distante do campus universitário, o Conselho Universitário que decidiria a adesão ao REUNI foi cancelado.


Depois de tanta mobilização para que os estudantes estivessem presentes no Conselho Universitário onde quer que ele acontecesse, o cancelamento do mesmo dá algum desânimo. Mas não demora muito para perceber a VITÓRIA que esse cancelamento representa para os estudantes de luta da UFSC.

Promovendo discussões sobre o REUNI, alertando à comunidade universitária sobre os riscos que a adesão traria, participando do Conselho Universitário e registrando a tentativa de golpe do vice-reitor na votação, os estudantes mostraram suas forças e que não engoliriam o REUNI tão facilmente.

O cancelamento do Conselho Universitário de amanhã garante que a UFSC não irá aderir ao REUNI no primeiro semestre de 2008. 


Mas a luta não acabou. A UFSC tem até dezembro de 2007 para aderir ao REUNI e começar a receber verbas a partir do segundo semestre de 2008.

Parabéns aos estudantes da UFSC que lutaram tanto para conquistar algo tão significativo para o futuro da universidade pública.

24 de out. de 2007

[REUNI] Golpe no Conselho Universitário - 2



http://www.youtube.com/watch?v=ZWdc_Wh1OLo

Achou absurdo?

Compareça ao Conselho Universitário, sexta-feira (26/10), às 9h para garantir sua representação e evitar outro golpe.

23 de out. de 2007

[REUNI] Golpe no Conselho Universitário

Golpe no Conselho Universitário
Hoje de manhã aconteceu o Conselho Universitário que aprovaria ou não adesão da UFSC ao REUNI. Mesmo sem a homologação dos representantes estudantis, comparecemos em peso para exigir a homologação dos mesmos e garantir que o Conselho fosse aberto aos estudantes. Conseguimos ambos.

Além da participação dos/as conselheiros/as, contamos com a presença de aproximadamente duzentos estudantes desta universidade. A maior parte dos/as velhos conselheiros/as não se posicionou. Apenas uns poucos defendiam o REUNI. A maior parte das falas foram no sentido de questionar a validade da aprovação de um projeto de expansão e reestruturação da UFSC, sem a ampla participação no debate, dos três setores que compõem esta universidade.

Presenciamos muitas hipocrisias: centros onde o REUNI não havia sido aprovado constavam na lista de centros participantes do REUNI e seus conselheiros se omitiram para corrigir tal "engano". Em centros onde a adesão foi decidida a portas fechadas o conselheiro teve a audácia de dizer que a decisão foi tomada depois de amplo debate e participação dos estudantes.

O que vimos foi uma demonstração de autoritarismo da mesa diretora do CUN, que contava com nosso vice reitor Ariovaldo. Este tentou impedir constantemente que os alunos se manifestassem. Tentou que estes não pudessem ter voz e voto como conselheiros que são, não escreveu parte das inscrições dos discentes e na hora de votar uma proposta, manipulou uma delas, feitas por um conselheiro discente, para que fosse votada em contraposição a proposta feita por um professor.

As propostas eram: não votar o REUNI antes de um amplo debate na universidade, que acabou sendo contraposta a de aprovar ou não o REUNI no CUN da próxima sexta-feira.

Na hora de votar, a mesa chamou os que queriam aprovar a proposta dois (do conselho na sexta). Estes levantaram o braço, o vice reitor decretou que eram maioria, não chamou pelos votos na outra proposta e ao mesmo tempo os conselheiros que votaram e a mesa, quase que pulando das cadeiras, quase que correndo, abandonaram o conselho universitário.

O que vimos foi a continuidade do processo que envolve o tema REUNI. Apesar de estar na praça desde abril, só há poucos dias realizou-se pela PREG, alguns debates minguados. Agora tentarão aprovar o REUNI na sexta, ferindo a autonomia universitária, submetendo-se a uma chantagem do governo, que oferece um dinheiro em troca do desmonte da universidade.


Segue o vídeo do golpe:


http://www.youtube.com/watch?v=ZWdc_Wh1OLo

22 de out. de 2007

[Ocupação] Resposta pública da Ocupação da UFPR

Resposta pública da Ocupação da UFPR

 O movimento de ocupação da reitoria da UFPR vem a publico esclarecer o andamento do processo de ocupação e declarações equivocadas a respeito.
 Ocupamos a reitoria no dia 17 de outubro para impedir a aprovação do REUNI no Conselho Universitário (COUN) da UFPR por entendermos que a decisão no COUN não é democrática nem representativa.
 A ocupação é um ato político e, como tal, digno de legitimidade enquanto pautado no aumento da democracia interna desta instituição e na ampliação do debate antes de qualquer deliberação irreversível. Diferente do que disse o reitor, cerca de 100 estudantes permanecem na reitoria enquanto continua o processo de negociação. Há grande rotatividade de estudantes na ocupação, algumas de nossas assembléias
contam com 200 estudantes.
 Não estamos sozinhos. Quatro universidades federais se mantêm ocupadas contra o REUNI. Cerca de 100 entidades apóiam nossa ocupação, dentre elas 10 centros acadêmicos da UFPR, 7 diretórios centrais do Paraná (DCE UEL, UEM, UTFPR de Curitiba e Ponta Grossa, UEPG, Unioeste Marechal Candido Rondon, Fafipar Paranaguá) e a associação dos professores da UFPR (APUFPR), que aprovou unanimemente em assembléia moção de apoio a ocupação. Apenas o DCE da UFPR não legitima ou apóia
a nossa ocupação.
 Na UFPR, inúmeras assembléias estudantis, a assembléia da APUFPR e os colegiados dos setores de Humanas, Letras e Artes, Exatas e Educação votaram contra a adesão da UFPR ao programa. O plebiscito
possibilita que o REUNI não seja imposto às unidades que já se manifestaram, mas que a decisão seja construída democraticamente.
 A ocupação foi conseqüência do movimento gerado por debates e atos realizados isoladamente que culminaram na organização e construção conjunta de estudantes. Nossa legitimidade se dá pela atuação de cada estudante presente e por estes ideais serem partilhados por inúmeros outros estudantes na Universidade em todo o Brasil.O pedido de reapropriação do prédio antes que se encaminhasse a negociação demonstra que quem não está aberto ao diálogo é a reitoria.
 O pedido de reapropriação foi encaminhado pela procuradoria federal, mas isto não retira do reitor a responsabilidade. É, em última instância, o Reitor o responsável por todas as ações praticadas em nome da Universidade.
 Não desocupar a reitoria até que o plebiscito seja garantido não é intransigência do movimento, já que o principio do que defendemos é uma maior democracia. Trata-se de coerência com o modelo de universidade que defendemos e na defesa do qual realizamos a ocupação.

Curitiba, 22 de outubro de 2007

Movimento de Ocupação da Reitoria
da Universidade Federal do Paraná

18 de out. de 2007

[Ocupação] Estado-policial: A repressão se reinicia na UFSC

A repressão se reinicia.
Trago notícias desagradáveis, porém que devem chegar a todos/as estudantes dessa universidade.

No dia 18/10 esteve na UFSC uma oficial de justiça que, em sala de aula, apresentando-se como tal e criando um tremendo constrangimento para alunos e professores, intimou algumas pessoas que ocuparam a reitoria no início do semestre para deporem na justiça (com j minúsculo). Outras pessoas terão a mesma visita na próxima semana. Tratam-se dos onze nomes de alunos/as que entraram no processo de reintegração de posse pedido pela reitoria para que desocupássemos o prédio da administração da UFSC.
Estamos falando da possibilidade concreta de expulsão da universidade ou mesmo prisão de ativistas do movimento estudantil, numa tentativa clara de nos intimidar e enfraquecer nossa luta. As onze pessoas da lista estão dentro da nova gestão do DCE, ou participando ativamente da construção da chapa, mesmo sem estarem na nominata.
A reitoria quer cortar o mal pela raíz já no início da gestão da chapa "Educação não é mercadoria", pois sabem que viemos para questionar a privatização e o autoritarismo na universidade. Independente se temos no movimento estudantil da UFSC, acordo sobre essa gestão, ou sobre a ocupação da reitoria, esse processo deve ser entendido por todos/as como um processo contra si próprio, pois este é um ataque que fere nosso direito de questionar, que vem para suprimir nossa liberdade e que visa nos calar, para que aceitemos passivamente a política conservadora do governo e da reitoria.

As perguntas são: Vamos nos calar? Vamos deixar nossos/as amigos/as e companheiros/as de luta serem violentados no seu direito de lutarem, sabendo que se forem processados e acusados criminalmente abrir-se-á, na UFSC, um precedente para processos futuros? Ou vamos dar uma resposta a altura? Proponho a última opção.
Vamos reunir todos/as os/as estudantes de luta dessa universidade, independente das diferenças pontuais (pois esse é um ataque a todos nós), mostrar a nossa força e dizer bem alto que ninguém vai ser processado por ser uma pessoa que se indigna e luta por seus direitos e na defesa da Universidade Brasileira.
Comecemos pela assembléia de segunda, 12:30h, na concha acústica, que discutirá o REUNI, o Conselho Universitário da próxima terça e fará a discussão da criminalização do movimento estudantil, além do momento que vive a universidade.

Todos/as na assembléia estudantil. 
                                                                
Se querem nos calar é porque nos temem. Mostremos nossa força.

[Ocupação] Reitorias ocupadas contra o REUNI

Reitorias ocupadas contra o REUNI
As reitorias de quatro universidades federais estão ocupadas contra o REUNI. São elas:



UFF

UFRJ

UFBA : http://www.ocupacaoufba.blogspot.com/

UFPRforareuni.wordpress.com
           email: ufprocupada@gmail.com




Os estudantes da Ocupação da Reitoria da UFSC dão total apoio a essas ocupações e suas pautas.

[OCUPA] Ocupação da Reitoria da UFPR

A comissão de comunicação e imprensa da ocupação da Reitoria criou um
blog onde será reportado tudo o que disser respeito à ocupação:

forareuni.wordpress.com 

Contato pode ser mantido através do e-mail ou dos telefones abaixo listados.

E-mail: ufprocupada@gmail.com

Telefones: 9154-9967 / 9227-3739

Abaixo se segue o manifesto da ocupação. 

Eduardo Perondi


*MANIFESTO DE OCUPAÇÃO DA REITORIA da UFPR *

Nós, estudantes da Universidade Federal do Paraná, declaramos que,
aproximadamente às 14 horas e 40 minutos do dia 17 de outubro de 2007,
ocupamos pacificamente a reitoria de nossa universidade. Nosso ato explicita
nossa posição contrária ao REUNI, decreto presidencial de número 6.096,
publicado a 24 de abril de 2007. Permaneceremos em nossa manifestação até
que:

- o item "REUNI" seja definitivamente retirado das pautas do Conselho
Universitário (COUN);
- que a adesão ou não da universidade ao programa seja decidida
através de um plebiscito deliberativo com toda a comunidade acadêmica, já
que os efeitos afetariam drasticamente todas as categorias – estudantes,
servidores técnico-administrativos e professores.

Os estudantes sempre defenderam a universidade como uma instituição de
direito público, básico e universal. Partindo dessa premissa, reivindicamos
políticas de acesso e permanência à universidade. Entretanto, essas
bandeiras não podem ser confundidas com as metas e índices do governo,
decretados por meio do REUNI, que gera uma falsa democratização da educação
universitária.

Defendemos que o aumento na taxa de diplomação para 90% e o aumento da
relação professor por aluno de graduação para 1 por 18, da maneira como o
decreto institui, implica uma mudança pedagógica que compromete a qualidade
do ensino, bem como inviabiliza a pesquisa e a extensão, que constituem
indissociavelmente a essência da universidade. A submissão das universidades
federais a um programa de metas do governo é inconstitucional, pois fere o
princípio da autonomia universitária, instituído pela Constituição de 1988.

A preocupação com o programa REUNI deve ser compartilhada também pela
sociedade como um todo, já que a universidade pública é a principal figura
na produção e transmissão do conhecimento no Brasil. Ainda que o REUNI
promova o ingresso de mais estudantes, não assegura a qualidade da formação
dos profissionais. Portanto, convidamos a sociedade a se juntar a nossa
luta, especialmente aqueles que pretendem ingressar em uma universidade
pública.

Questionamos a representatividade do Conselho Universitário, que é composto
em 70% por professores e em apenas 30% por servidores e estudantes. Os
estudantes formam a maior parte da comunidade acadêmica. Todavia, a votação
no COUN não é nem mesmo paritária.

Cabe a todo estudante lutar para que o Estado realmente invista na expansão
qualitativa e quantitativa das universidades públicas e na assistência
estudantil. Precisamos fazer com que esse decreto saia da pauta do COUN e
que a decisão seja tomada de forma democrática por toda a comunidade
acadêmica.




16 de out. de 2007

[Ocupação] CARTA À SOCIEDADE BRASILEIRA (do Movimento de Ocupação da Reitoria da UFBA)

CARTA À SOCIEDADE BRASILEIRA

Nós, estudantes da Universidade Federal da Bahia (UFBA), estamos desde o dia primeiro de outubro ocupando a nossa Reitoria na luta pela Assistência Estudantil, pela construção de uma outra Universidade verdadeiramente democrática e popular, contra o REUNI e contra a postura autoritária do atual reitorado desta universidade.
A ocupação se iniciou com @s estudantes residentes e bolsistas da universidade que, mais uma vez, rebelaram-se indignad@s com a política de "Desassistência Estudantil". Dado o perigo iminente de uma explosão por conta de um vazamento de gás conhecido há mais de um ano, os estudantes em consenso com @s funcionári@s paralisaram o Restaurante Universitário naquele dia (sendo que no dia anterior já havia ocorrido um princípio de incêndio). Assim, fazendo um bandejaço, caminharam do Corredor da Vitória (local onde se situa a Residência I) até a Reitoria da UFBA, onde foi apresentada uma pauta emergencial ao vice-reitor, Francisco Mesquita, e também ao pró-reitor de Assistência Estudantil, Álamo Pimentel. A indignação com o autoritarismo e a "Desassistência Estudantil" fez com que o movimento imediatamente crescesse e expandisse sua frente de lutas. Compreendemos que debater Assistência Estudantil é debater que Universidade queremos. E discutir a Universidade que queremos, com uma política digna de Assistência Estudantil, nesse momento, não poderia nos levar a outro caminho, a não ser o de nos posicionarmos contra o Decreto 6.096 de 24 de abril de 2007, intitulado REUNI (Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais). O REUNI traz consigo a mesma lógica precarizadora e desqualificadora da educação imposta ao ensino fundamental e médio públicos, onde a aprovação automática é a regra. O decreto ainda fere a autonomia universitária ao condicionar a liberação de verbas para as universidades federais ao cumprimento de metas absurdas e que não demonstram nenhum cuidado com a qualidade de ensino, nem com a permanência do estudante dentro da universidade. Dessa forma, o ensino superior de qualidade ficará restrito a quem puder pagá-lo. Em troca de algumas migalhas está decretado o fim da Universidade Pública brasileira.
Temos sido acusad@s de ilegitimidade pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) e pela Reitoria, que sustentam uma concepção anacrônica e falida, onde a legitimidade é exclusiva das entidades, das instituições e dos partidos políticos. Acreditamos que qualquer estudante, qualquer trabalhador, sem-terra, sem-teto, qualquer pessoa, fazendo ou não parte de uma entidade e que se sinta oprimida e explorada tem o direito de se levantar; de se rebelar sem pedir licença ao DCE, à Reitoria ou a quem quer que seja. Não desejamos falar em nome de tod@s estudantes da UFBA, o que desejamos é a cabeça, o braço e o peito de todas as pessoas que acreditam que vale a pena resistir e construir uma universidade e uma sociedade que nos encante e nos aqueça. Aqui na ocupação da Reitoria da UFBA, falamos em nossos próprios nomes. Estamos dispostos a construir novas práticas, novas sociabilidades, novas formas de fazer política e de reagir ao que nos violenta.
Nas atividades realizadas nesta ocupação, que contaram com a participação de diversos movimentos sociais (MSTS – Movimento dos Sem Teto de Salvador, MST – Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, MNU – Movimento Negro Unificado, MPL – Movimento Passe Livre, Reaja ou Será Morto Reaja ou Será Morta, CMI – Centro de Mídia Independente etc) percebemos que a fragmentação das lutas é um dos principais motivos para suas derrotas.
Com estas convicções, convocamos tod@s a se levantarem e de alguma forma fazerem parte deste movimento. Estamos construindo diversos canais de diálogo com variados setores da universidade e de toda a sociedade, assim como movimentos sociais, e já contamos com o apoio fundamental da ADUNEB – Associação dos Docentes da Universidade do Estado da Bahia; da Conlutas; do ANDES; do CRPBahia – Conselho Regional de Psicologia; de diversas Executivas Nacionais de Estudantes e DA's e CA's de todo o Brasil que nos enviam suas manifestações de apoio.
Às pessoas de longe pedimos o apoio declarado, o auxílio na divulgação da nossa luta, a ajuda para formar nossa rede de difusão de informações (blog, youtube, orkut, grupos de email, fóruns eletrônicos, informes em reuniões e assembléias, etc) e pedimos também doações (dinheiro através da conta que está no blog, materiais, alimentos, etc). Se temos conseguido nos organizar até agora, isso se deve em grande parte à rede de solidariedade que nos tem ajudado e fortalecido. Aos de perto, estudantes ou não, reiteramos os mesmos pedidos, mas gostaríamos principalmente de convidál@s à participação ativa, ao engajamento, a dizerem o que pensam e sobretudo fazerem o que lhes toca nesta ocupação. Façamos dela uma vitrine viva da universidade que defendemos. "Sejam bem-vindos à dignidade rebelde".
Salvador, 16 de outubro de 2007

MORU – Movimento de Ocupação da Reitoria da UFBA
http://www.ocupacaoufba.blogspot.com
Obs.: Pedimos que as pessoas que já passaram pela situação de uma ocupação nos enviem e-mails contando como lidaram com a repressão policial, com a pós-ocupação etc.Tenham certeza de que nos ajudará bastante.

[Poesia] Mensagem à Poesia - Vinicius de Moraes

Não posso
Não é possível
Digam-lhe que é totalmente impossível
Agora não pode ser
É impossível
Não posso.
Digam-lhe que estou tristíssimo, mas não posso ir esta noite ao seu encontro.
Contem-lhe que há milhões de corpos a enterrar
Muitas cidades a reerguer, muita pobreza pelo mundo.
Contem-lhe que há uma criança chorando em alguma parte do mundo 
E as mulheres estão ficando loucas, e há legiões delas carpindo
A saudade de seus homens; contem-lhe que há um vácuo
Nos olhos dos párias, e sua magreza é extrema; contem-lhe
Que a vergonha, a desonra, o suicídio rondam os lares, e é preciso 
reconquistar a vida
Façam-lhe ver que é preciso eu estar alerta, voltado para todos os caminhos
Pronto a socorrer, a amar, a mentir, a morrer se for preciso.
Ponderem-lhe, com cuidado – não a magoem... – que se não vou 
Não é porque não queira: ela sabe; é porque há um herói num cárcere
Há um lavrador que foi agredido, há um poça de sangue numa praça.
Contem-lhe, bem em segredo, que eu devo estar prestes, que meus
Ombros não se devem curvar, que meus olhos não se devem 
Deixar intimidar, que eu levo nas costas a desgraça dos homens
E não é o momento de parar agora; digam-lhe, no entanto
Que sofro muito, mas não posso mostrar meu sofrimento
Aos homens perplexos; digam-lhe que me foi dada 
A terrível participação, e que possivelmente
Deverei enganar, fingir, falar com palavras alheias
Porque sei que há, longínqua, a claridade de uma aurora.
Se ela não compreender, oh procurem convencê-la 
Desse invencível dever que é o meu; mas digam-lhe
Que, no fundo, tudo o que estou dando é dela, e que me
Dói ter de despojá-la assim, neste poema; que por outro lado
Não devo usá-la em seu mistério: a hora é de esclarecimento 
Nem debruçar-me sobre mim quando a meu lado
Há fome e mentira; e um pranto de criança sozinha numa estrada
Junto a um cadáver de mãe: digam-lhe que há
Um náufrago no meio do oceano, um tirano no poder, um homem 
Arrependido; digam-lhe que há uma casa vazia
Com um relógio batendo horas; digam-lhe que há um grande
Aumento de abismos na terra, há súplicas, há vociferações
Há fantasmas que me visitam de noite 
E que me cumpre receber, contem a ela da minha certeza
No amanhã
Que sinto um sorriso no rosto invisível da noite
Vivo em tensão ante a expectativa do milagre; por isso 
Peçam-lhe que tenha paciência, que não me chame agora
Com a sua voz de sombra; que não me faça sentir covarde
De ter de abandoná-la neste instante, em sua imensurável
Solidão, peçam-lhe, oh peçam-lhe que se cale 
Por um momento, que não me chame
Porque não posso ir
Não posso ir
Não posso.
Mas não a traí. Em meu coração
Vive a sua imagem pertencida, e nada direi que possa
Envergonhá-la. A minha ausência. 
É também um sortilégio
Do seu amor por mim. Vivo do desejo de revê-la
Num mundo em paz. Minha paixão de homem
Resta comigo; minha solidão resta comigo; minha 
Loucura resta comigo. Talvez eu deva
Morrer sem vê-Ia mais, sem sentir mais
O gosto de suas lágrimas, olhá-la correr
Livre e nua nas praias e nos céus 
E nas ruas da minha insônia. Digam-lhe que é esse
O meu martírio; que às vezes
Pesa-me sobre a cabeça o tampo da eternidade e as poderosas
Forças da tragédia abastecem-se sobre mim, e me impelem para a treva 
Mas que eu devo resistir, que é preciso...
Mas que a amo com toda a pureza da minha passada adolescência
Com toda a violência das antigas horas de contemplação extática
Num amor cheio de renúncia. Oh, peçam a ela 
Que me perdoe, ao seu triste e inconstante amigo
A quem foi dado se perder de amor pelo seu semelhante
A quem foi dado se perder de amor por uma pequena casa
Por um jardim de frente, por uma menininha de vermelho 
A quem foi dado se perder de amor pelo direito
De todos terem um pequena casa, um jardim de frente
E uma menininha de vermelho; e se perdendo
Ser-lhe doce perder-se...
Por isso convençam a ela, expliquem-lhe que é terrível
Peçam-lhe de joelhos que não me esqueça, que me ame
Que me espere, porque sou seu, apenas seu; mas que agora 
É mais forte do que eu, não posso ir
Não é possível
Me é totalmente impossível
Não pode ser não
É impossível
Não posso.

Mensagem à Poesia - Vinicius de Moraes

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Vagner Boni
Estudante de Ciências Sociais - UFSC;
Bolsista do Laboratório de Etnologia Indígena - Museu Universitário;