Repassando... Está a maior polêmica lá na UFF!
UFF estuda criar curso de segurança pública
Proposta de professor de antropologia está em exame e cria polêmica.
Ele diz que, quando se fala no assunto, "se pensa logo num coronel da PM".
Carlos Peixoto Do G1, no Rio entre em contato
Professor Kant de Lima quer implantar curso de segurança pública (Foto: Divulgação/UFF)
A Universidade Federal Fluminense (UFF) estuda criar o curso de graduação em segurança pública a ser ministrado pelo departamento de antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais. O assunto está em fase de discussão nos departamentos e a etapa seguinte será o exame pelo colegiado instituição.
Se aprovado, o curso terá duração de quatro anos e concederá aos formandos o diploma de bacharel em segurança pública e social.
A proposta já provocou reações no campus Gragoatá da UFF, onde apareceram pichações com os dizeres "Fora Polícia". Autor da proposta de criação, o professor Robert Kant de Lima – professor titular na faculdade de antropologia e vice-coordenador da pós-graduação do departamento – explica que o curso não teria qualquer relação com abordagem policial da segurança pública.
"A idéia do curso é voltá-lo para a gestão da segurança pública. No português, não temos o sentido que a palavra 'public' tem em inglês, de coisa pública, do republicanismo", diz ele, chamando a atenção para o fato de que, no Brasil, a segurança pública é estudada nas faculdades de direito ou nas academias de polícias civil e militar.
"No Brasil, criminologia não é assunto da área de ciências humanas e sociais porque o tema é exclusivo do direito ou da justiça criminal, diferentemente do que acontece na França e no Canadá", diz Kant de Lima, o que, na opinião dele, impede o aprofundamento de estudos e a reprodução do conhecimento.
Visão 'policialesca'
Ele critica a visão 'policialesca' sobre a área:
"Quando se pensa em segurança pública, se pensa logo num coronel da PM", diz.
A proposta de curso de graduação de segurança pública daria prioridade a matérias como direitos do cidadão, cidadania e Estado, direitos humanos, ocupação dos espaços públicos e civilidade. Depois de formado, o profissional estaria habilitado a atuar na administração de conflitos, o que, segundo o professor Kant de Lima, não é exatamente o ponto forte do pessoal que atua hoje na área.
Ao participar da elaboração do plano de segurança pública do município de São Gonçalo, município com elevados índices de violência na Região Metropolitana do Rio, o professor diz ter constatado que os crimes são cometidos, numa margem de 60% a 70% do total, no ambiente doméstico:
"Não é o tráfico o maior problema. É a violência no ambiente doméstico ou nas proximidades dele. É o estupro, o crime passional", diz. Ele insiste em que é preciso treinar pessoal para agir na resolução de conflitos.
Com a municipalização dos serviços de segurança pública, Kant de Lima acredita que o bacharel em segurança iria trabalhar em assessoramento e direção das políticas públicas do setor. Outro mercado de trabalho a ser ocupado seria o das empresas privadas de segurança.
UFF estuda criar curso de segurança pública
Proposta de professor de antropologia está em exame e cria polêmica.
Ele diz que, quando se fala no assunto, "se pensa logo num coronel da PM".
Carlos Peixoto Do G1, no Rio entre em contato
Professor Kant de Lima quer implantar curso de segurança pública (Foto: Divulgação/UFF)
A Universidade Federal Fluminense (UFF) estuda criar o curso de graduação em segurança pública a ser ministrado pelo departamento de antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais. O assunto está em fase de discussão nos departamentos e a etapa seguinte será o exame pelo colegiado instituição.
Se aprovado, o curso terá duração de quatro anos e concederá aos formandos o diploma de bacharel em segurança pública e social.
A proposta já provocou reações no campus Gragoatá da UFF, onde apareceram pichações com os dizeres "Fora Polícia". Autor da proposta de criação, o professor Robert Kant de Lima – professor titular na faculdade de antropologia e vice-coordenador da pós-graduação do departamento – explica que o curso não teria qualquer relação com abordagem policial da segurança pública.
"A idéia do curso é voltá-lo para a gestão da segurança pública. No português, não temos o sentido que a palavra 'public' tem em inglês, de coisa pública, do republicanismo", diz ele, chamando a atenção para o fato de que, no Brasil, a segurança pública é estudada nas faculdades de direito ou nas academias de polícias civil e militar.
"No Brasil, criminologia não é assunto da área de ciências humanas e sociais porque o tema é exclusivo do direito ou da justiça criminal, diferentemente do que acontece na França e no Canadá", diz Kant de Lima, o que, na opinião dele, impede o aprofundamento de estudos e a reprodução do conhecimento.
Visão 'policialesca'
Ele critica a visão 'policialesca' sobre a área:
"Quando se pensa em segurança pública, se pensa logo num coronel da PM", diz.
A proposta de curso de graduação de segurança pública daria prioridade a matérias como direitos do cidadão, cidadania e Estado, direitos humanos, ocupação dos espaços públicos e civilidade. Depois de formado, o profissional estaria habilitado a atuar na administração de conflitos, o que, segundo o professor Kant de Lima, não é exatamente o ponto forte do pessoal que atua hoje na área.
Ao participar da elaboração do plano de segurança pública do município de São Gonçalo, município com elevados índices de violência na Região Metropolitana do Rio, o professor diz ter constatado que os crimes são cometidos, numa margem de 60% a 70% do total, no ambiente doméstico:
"Não é o tráfico o maior problema. É a violência no ambiente doméstico ou nas proximidades dele. É o estupro, o crime passional", diz. Ele insiste em que é preciso treinar pessoal para agir na resolução de conflitos.
Com a municipalização dos serviços de segurança pública, Kant de Lima acredita que o bacharel em segurança iria trabalhar em assessoramento e direção das políticas públicas do setor. Outro mercado de trabalho a ser ocupado seria o das empresas privadas de segurança.