15 de out. de 2009

[Textos] Ativistas acham dados da Operação Condor no Paraguai

Ativistas acham dados da Operação Condor no Paraguai

Arquivos do Ministério da Defesa guardavam documentos sobre esquema de repressão de regimes militares

ASSUNÇÃO - Ativistas de direitos humanos encontraram nesta quarta-feira, 14, documentos com dados da chamada Operação Condor, um esquema de repressão instaurado por regimes militares do Cone Sul durante as décadas de 70 e 80, nos arquivos do ministério da Defesa do Paraguai.

"É um fato histórico porque é a primeira vez na história da América Latina em que as Forças Armadas abrem seus arquivos", disse Martín Almada, que liderou o grupo de ativistas que entrou nas dependências do ministério com a autorização do titular de Defesa paraguaio, Luis Bareiro.

Nos arquivos policiais da ditadura de Alfredo Stroessner, de 1954 a 1989, conhecidos como Arquivos do Terror, "encontramos três toneladas (de documentos) e aqui uma tonelada", afirmou Almada. "Estamos encontrando dados da Operação Condor, das ligas agrárias (movimento camponês opositor à ditadura), de repressão a mulheres, de guerrilheiros argentinos ou documentos que eram considerados subversivos", disse o ativista.

Almada explicou ainda que a abertura dos arquivos militares faz parte de um acordo de cooperação entre o governo paraguaio com um programa das Nações Unidas e a Fundação Celestina Pérez, que leva o nome de sua falecida esposa.

O ativista, ganhador do prêmio "Nobel Alternativo da Paz" em 2002, foi preso e torturado durante a ditadura de Stroessner, e sua esposa morreu em 1974 como consequência das pressões psicológicas às quais foi submetida enquanto seu marido estava detido.