Por Elaine Tavares - jornalista
Outro dia alguém reclamou da vida em Cuba. Gente que nunca foi lá, inclusive. “O povo não tem liberdade. Não pode comprar as coisas boas da vida. Não tem transporte de qualidade, não tem carros bons e nem acesso a internet. Eu tô fora dessa história de socialismo!” Aquilo me deixou a pensar. Tem gente que nunca poderia viver no socialismo mesmo. Isso é fato.
Mas, eu, penso que poderia ser muito feliz no socialismo. A mim, encanta a idéia de que qualquer pessoa possa estudar, fazer uma faculdade, sem pensar no sacrifício para pagá-la. Enche-me de profundo prazer saber que eu teria bibliotecas de qualidade a minha disposição. Que haveria atendimento de saúde gratuito e que um médico viria na minha casa quando eu precisasse, sem cobrar nada. Agrada-me saber que eu viveria numa sociedade que primasse pelo equilíbrio entre os seres humanos e a natureza, e onde eu pudesse participar de tudo, não apenas de eleições quadrianuais.
Também não teria problema nenhum em não ter acesso a roupas de marca. Hoje não tenho. Meu salário não alcança e eu tampouco me importo com isso. Também não me faria falta um carro zero, ou DVD, ou qualquer outra bugiganga tecnológica. A gente pode viver sem isso se houver espaços públicos de lazer, como penso deve haver no socialismo. Acesso a internet o socialismo pode ter, por que não? Em Cuba não há porque as empresas de provedores impedem. Não é o governo socialista que impede isso. As novidades tecnológicas são construções coletivas da humanidade, portanto todos tem o direito de ter acesso.
Igualmente poderia viver feliz num lugar onde eu ganhasse segundo minha necessidade, e pudesse ter acesso ao teatro, cinema, música. Onde a gente recordasse com alegria os nossos heróis. E que nas noites de sábado pudesse tomar um bom rum ou uma cerveja. Claro, não poderiam faltar pulseiras e colares, mas tudo poderia ser produzido com coisas da natureza, feitos à mão. Eu gosto de tudo o que é simples. E o cabelo? Bom, se não houvesse xampu ( e em Cuba só não tem por conta do embargo criminoso) eu poderia lavar a cabeça com sabão de coco e se o cabelo ficassem meio pastoso eu o transformaria em dread. Ficariam igualmente lindos.
Assim, sem qualquer dúvida, o socialismo me encanta e eu caminho nessa direção. Por isso luto e vivo. Eu viveria de boa num regime assim. Sei que tem gente que não conseguiria. Tudo bem, respeito. Mas eu quero tanto isso. Viver feliz, de boa, em harmonia, em paz. Cuidar dos meus e saber que eles estariam bem. Não precisar ouvir, como ouvi ontem na televisão, que os pobres que morrem nas tragédias de inundações e terremotos são os culpados por isso. “Eles não deveriam estar nas encostas”, disseram Lula e Sérgio Cabral. Ah, tá, e onde estariam? Em Copacabana?
No socialismo, penso eu, não haveria miseráveis e as gentes se apoiariam nas tragédias e dançariam nas festas, como iguais. A riqueza seria repartida, não haveria abismos. Eu viveria feliz com meus gatos e cães. As gentes viveriam felizes, “compartindo”. Ah, eu quero esse socialismo, e quero muito... Idealismo? Tá bom, pode ser... Mas enquanto idealizo, construo. Profeta, vivendo hoje o amanhã esperado!
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