22 de jun. de 2008

[MACS] GD Movimento de Área (Coordenação de Movimento Estudantil)

Este texto foi extraído do BLOG do Diretório Acadêmico Raimundo Soares - DACS CIÊNCIAS SOCIAIS UFF. E é de 2005. Não sendo o posicionamento do CALCS, já que estamos debatendo com outros estudantes da região sul as avaliações e necessidades do Movimento de Área de Ciências Sociais - sul.

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Documento Sobre o GD Movimento de Área
(Coordenação de Movimento Estudantil)

Introdução

A construção do Grupo de Discussão sobre Movimento Área, foi iniciada após o Encontro Nacional dos Estudantes de Ciências Sociais (ENECS) realizado em 2003 na cidade de Brasília. A idéia do GD, teve como intuito discutir a atual (des)organização do movimento estudantil, depois que a delegação da Universidade Federal Fluminense voltou muito desapontada com os encaminhamentos da plenária final.

Após a nossa volta, foi realizada uma assembléia, com mais de 50 pessoas, que discutiu uma maneira de organizar o movimento estudantil de ciências sociais, para isso foi escrito um documento (em anexo) enviado para outras escolas, com intuito de fomentar essas discussões a nível nacional.

Deste então, com alguns refluxos, o GD vem discutindo uma forma de organização dos estudantes que possibilite uma maior interação e ação dos estudantes na realidade.

Histórico

A construção da Federação do Movimento Estudantil de Ciências Sociais (FEMECS), em 1997, no encontro de Juiz de Fora, teve o intuito de propiciar uma melhor comunicação entre os estudantes do país e assim propiciar uma maior interação com a sociedade e assim uma melhor ação dos alunos a partir das decisões da base. Mas o que temos hoje, e algum tempo, para ser mais preciso, desde 2001, é uma desorganização do movimento estudantil de ciências sociais.

Depois do encontro de Brasília, o último havia sido em 2001, ficou nítida a inexistência de alguma forma de organização que promova alguma forma de comunicação entre as escolas e assim uma ação efetiva dos estudantes na sociedade. A FEMECS deste então passou a existir para um grupo de pessoas, que tentaram de todas as formas se legitimar perante os estudantes, porém isso não aconteceu pois está não existe em nenhum aspecto, material e imaterial.

Chegamos a conclusão portanto, que é necessário a construção do Movimento de Área, a nível nacional. Para construir um movimento estudantil de ciências sociais combativo, que promova a interação entre os alunos nas mais diversas formas de atuação destes no meio onde trabalham e que efetivamente haja uma ação coletiva dos estudantes a partir do respeito as decisões dos estudantes.

Para isso os estudantes de ciências sociais da UFF, vem discutindo propostas para o movimento de área, com intuito de discutir essas propostas a nível local e nacional no próximo encontro de ciências sociais, a ser realizado na cidade de Manaus. A idéia principal é construir uma rede de ação e integração de forma coletiva possibilitando a interação entre os alunos e a comunidade possibilitando uma efetiva transformação das relações sociais.

Sobre o Movimento de Área

O movimento de área é uma forma de organização política de estudantes de um mesmo curso que procurar aproximar as escolas para ação destas de forma conjunta para compartilhar os problemas e soluções. É um espaço de troca onde cada escola traz suas experiências para haja uma grande interação e a partir desta reconstruir o campo de atuação na sociedade.

Reconhecendo, pois, a heterogeneidade de concepções e práticas dentro das Ciências Sociais, o movimento de área se apresenta como uma forma de congregar estudantes que procuram dialogar com o diverso e assim amadurecer com este suas próprias convicções através do conflito entre opiniões, e a partir de um espaço onde estes conflitos são expostos com a mesma liberdade e igualdade, desenvolver uma ação nas mais diversas realidades, sempre respeitando o conjunto dos estudantes, para que possamos encontrar uma ação transformadora unida.

Problemas do Movimento de Área e pressupostos para sua discussão.

Quando olhamos para o atual movimento de área, percebemos um conjunto de problemas, que impossibilita ação dos estudantes. A certo tempo um conjunto de práticas, que existe a nível nacional em todo movimento estudantil, procura desmobilizar os estudantes, criando assim um vazio em espaços que poderiam ser ativos e combativos.

Essas práticas consistem sobretudo na tentativa de impedir que exista uma ação real dos estudantes nos espaços de discussões, decisão e ação, minando com isso a comunicação entre as escolas e seu poder de resistência e proposição de idéias para universidade e para sociedade.

Com isso, nos encontramos cada vez mais isolados sendo incapazes de agir. Não conseguimos parar, pensar e agir coletivamente, pois existe um abismo entre a maioria dos estudantes e o espaço onde são discutidos e decididos as práticas efetivas dos estudantes na complexa rede de problemas no universo da sociedade brasileira.

Percebemos que a estrutura e organização que estamos assentados impede que os estudantes de todo o Brasil consigam interagir. Como nos organizar de forma que não sejamos socos vazios no ar sem atingir nenhum objetivo? Como tornar mais atuante sujeitos e sujeitas nas mais diversas realidades? Como torna o movimento de área compromissado com as mobilizações e não com um corpo burocrátrico? Como organizar nacionalmente os estudantes entendendo as diversidade locais e os pontos em comum nacionalmente?

Uma proposta de organização do Movimento de Área

Muito discutimos sobre uma maneira que o MA deveria ser estruturado, a importância de um forma organizativa que atenda nossas expectativas estabelecendo uma rede de confluências. Reconhecemos primariamente a necessidade de um movimento real-concreto para a constituição de qualquer entidade, visto que o segundo é uma decorrência do primeiro. O primeiro passo que deverá ser dado para chegarmos aos nosso objetivos seria uma melhor articulação das escolas mais próximas em âmbito espacial e cultural construído. Para isso é necessário repensar o atual formato da regionais, que achamos grandes demais, impossibilitando a ação dos estudantes, uma vez que possuímos escolas que estão a milhares de quilômetros de distância, caso da Regional Centro-Oeste/Sudeste.

Para tal intento propomos que cada escola procure estabelecer um campo de interação com escolas próximas, organizando atividade conjuntas e fomentando o debate sobre o MA, assentados numa base de troca, conflitos, companheirismo e compromisso políticos. Verificamos em nossa prática local cotidiana o quão importante é a sinceridade, honestidade e franqueza no debate coletivo e no respeito as decisões coletivas, principalmente quando lidamos com opiniões que se confrontam radicalmente.

Sabemos que cada escola tem uma heterogeneidade de concepções da realidade, no caso das Ciências Sociais na UFF, procuramos discutir as mais diversas posições em um espaço, no caso o Diretório Acadêmico, e a partir das discussões e posteriormente da decisão do coletivo agir unificadamente. Essa prática e dinâmica é que pretendemos levar para todos os espaços que viermos a construir e participar, não procuramos impor qualquer pensamento a ninguém e principalmente não tentamos excluir qualquer pensamento a ninguém e principalmente não tentamos excluir qualquer pessoa por suas convicções, a pluralidade sempre é bem vinda, pois permite olhar para um mesmo fenômeno sob diversas possibilidades e aprendemos muito com isso.

Assim estamos propondo uma nova forma de organização do movimento de área, que consiste como dissemos anteriormente na redefinição do número de regionais, que hoje são enormes e dificultam ação conjuntas das escolas. Para isso seria necessário a organização de encontros estaduais, a partir das decisões das escolas, para que no próximo encontro nacional seja colocada a organização das escolas, que pode ser regional ou estadual.

Para isso propomos um Encontro Fluminense de Estudantes de Ciências Sociais para concretizar essa proposta que é aberta a crítica ou qualquer adendo visto que o intuito é somar, o contrário de reduzir a apenas um prática exclusiva e excludente, como vimos no último encontro, em especial a atuação da ilegítima FEMECS. Segue em ANEXO o projeto inicial a ser debatido com as demais escolas do Rio de Janeiro.


Sobre os Encontros Nacionais

Por inúmeros motivos, o Encontro Nacional se realiza anualmente. Isso é muito pouco para construir um movimento real, é impossível estabelecer uma linha política a ser seguida por todas as escolas que se conhecem e se encontram tão pouco.

A partir desta contestação, pouco sabemos das vivências de cada escolas, percebemos que os estudantes não se vêem enquanto sujeito da construção de práticas efetivas para intervir na realidade. E pensam, senhores e senhores, que isso é devido alienação deste, que só pensam em si mesmo, e portanto não procuram agir? Diria que não. Uma parte significativa não se insere devido atual estrutura e organização, apesar de haver sim uma ideologia do individualismo, que críticas as organizações representativas e políticas, muito crescente em nossas universidades propiciando uma prática conservadora dos estudantes.

Essa ideologia cresce sobretudo devida a burocratização do movimento e como constatamos a falta de ação coletiva e desrespeito decisões do conjunto, que muitas vezes não conseguem nem participar das discussões. Ficamos ao final de cada encontro reclamando da organização estrutural (Comida, banho, local etc) e tirando moções de repúdio a invasão no Iraque e a favor do MST, se tirar nenhuma ação efetiva que interligue as escolas.

O ponto de partida para construção dos EN deve ser de garantir o caráter autônomo, criativo e enaltecedor de nossas potencialidades. Além das proposições mais objetivas, o encontro é um momento de total liberdade criativa e reciprocidade, prezando pelo conhecimento do outro em sua intensidade. Ademais, esse "espírito coletivo" não se encerra nos encontros e na afeição mútua, é preciso dar continuidade no cotidiano de cada escola, procurando sempre uma prática de ação e interação dentro da possibilidade e realidade de cada um. É importante que haja comprometimento de todas as escolas garantindo uma comunicação constante e contínua das atividades realizadas em cada faculdade, de modo a todos terem acesso ao que vem sendo produzido por estudantes de nosso curso nas mais diferentes frentes de luta e/ou transformação social. A delegação por escola de atividades é fundamental para otimizar e dinamizar o trabalho coletivo.


Sobre organização de uma Federação e a cerca do seu trabalho.

Diferentemente da forma como hoje se organiza a inexistente FEMECS, a divisão do trabalho por escolas se daria de forma diferente, de acordo com as demandas de uma dada conjuntura.

Pensamos em uma estrutura que os estudantes participem efetivamente, sendo sujeitos da ação e não meros executores de decisões de uma direção. Para isso, não haveria coordenações fixas nem nacionais. Os encontros locais decidiriam sobre sua organização, construindo de acordo com suas necessidades coordenações para execução de tarefas, tais coordenações seriam compostas pelas escolas feito por delegação, sendo possível a revogação da escola da coordenação de acordo com decisão do coletivo de estudantes, portanto os "cargos" não fixos. Além disso os encontros locais deveriam ser antes do nacional, para justamente haver algum acúmulo de discussão.

A FEMECS efetivamente seria um conselho de delegados das locais, que se reuniriam para executar e levar novas discussões para base do movimento. Todas elas teriam como objetivo reunir e comunicar as demais escolas tudo que está sendo realizado e produzido sobre determinado assunto ou tema nas escolas de CS do Brasil, ou quem sabe em dimensões mais amplas. Temas como Sociologia no Ensino Médio, reformas curricular e universitária, contato etnográfico, populações tradicionais, ciência, militância, reforma agrária, gênero, ALCA, religião, políticas públicas, etc, são formas de aglutinar conhecimentos, trocar experiências e assim construir práticas efetivas e criativas.

No encontro seguinte avaliaríamos o trabalho realizado, dando prosseguimento ou não, propondo algum encaminhamento (publicação de revistas, material didático, ação direta conjunta). Para assim termos continuidade nos trabalhos e manter de algumas formas a ligação entre as escolas.


Sobre as Plenárias Finais

Um momento de encerramento e avaliação do encontro é de fato imprescindível em qualquer encontro. Entretanto a forma com que ela se dá em nossos encontros é por demais estéril, desprovida de qualquer senso de realidade que corresponda a dos estudantes. São nas plenárias finais que podemos encaminhar as atividades coletivas a serem realizadas durante o ano, ressaltando que estas partirão dos debates e demandas vindas das escolas e encontros locais. É necessário a busca pelo entendimento e construção de atividades conjuntas, que devem ser debatidas na plenária de forma democrática, caso não se consiga deve se decidir pelo voto. Obviamente que as escolas não podem ser obrigadas a realizar atividades, estas decisões servem como encaminhamento e não como uma imposição. A PF, bem como todo encontro não é um espaço de formação, mas de costura de ações efetivas.

Conclusão

Tudo que foi abordado neste pequeno texto vem sendo debatido desde o último EN realizado em Brasília, em GT sobre MA(Coordenação de Movimento Estudantil), e finalmente aprovado em Assembléia Ordinária do Diretório Acadêmico Raimundo Soares – Ciências Sociais, realizada no dia 14 de julho de 2004, com a presença de XX estudantes. Isto é resultado de discussões atreladas a uma prática específica do ME a qual prezamos, procuramos perpetuar e compartilhar com nossos colegas de outras universidades. Nosso opinião sobre ME está totalmente comprometida com o trabalho coletivo local, horizontal e de ação direta.

Todo essa trabalho, fruto da gestão coletiva da entidade representativa dos estudantes, que propicia o mesmo grau de participação a todos, uma vez este podem vim debater e colocar em prática uma atividade. Tentamos ampliar o número de pessoas que participe no DA quotidianamente, para que haja renovação constante e contínua, a fim de não sobrecarregar ninguém. Esse trabalho vem dando certo há aproximadamente 8 anos, se destacando dentro da UFF como um dos diretórios mais mobilizados e combatentes.

Portanto todo conteúdo deste documento parte de uma visão específica de ME, que não comporta lideranças ou qualquer tipo de concentração de poder, não acreditamos nas velhas direções partidárias que burocratizão o movimento, e sabemos que uma parte dos estudantes de CS do BRASIL compartilha dos mesmos anseios e/ou desenvolvem projetos semelhantes em suas escolas. O que propomos é uma proposta política concreta, que parte da força da nossa união e organização. Com elas podemos superar as dificuldades e fortalecer um movimento estudantil o tornando mobilizado e combatente, fazendo que velhas direções partidárias oportunistas caem por terra sem dó nem piedade.

Por isso escrevemos aos nossos colegas que acreditam que um MA possa de fato ser construtivo-criativo, esperando que se solidarizem e contribuam com o debate, trazendo opiniões, experiências e práticas.

Assina este documento,

Diretório Acadêmico Raimundo Soares – Ciências Sociais, entidade representativa dos estudantes de Ciências Sociais da Universidade Federal Fluminense.
2005