14 de abr. de 2010

[Poesia] 80 anos sem Maiakovski

ara lembrar Maiakovsk o poeta da revolução, dia 14 de abril, 80 anos sem ele.

Vladimir se foi ( Matheus Acosta)

Vive nos versos
               outubro que resona em gritos
rebenta em pão ao pobre
                                ouvido  
                                           sirena 
                                                  e morte
resiste em verso
                         o 
                         avesso do que é isso
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FRAGMENTOS (V. Maiakovsk)
1
Me quer ? Não me quer ? As mãos torcidas
os dedos
               despedaçados um a um extraio
assim tira a sorte enquanto
                                       no ar de maio
caem as pétalas das margaridas
Que a tesoura e a navalha revelem as cãs e
que a prata dos anos tinja seu perdão
                                                      penso
e espero que eu jamais alcance
a impudente idade do bom senso
2
Passa da uma 
                     você deve estar na cama
Você talvez
                 sinta o mesmo no seu quarto
Não tenho pressa
                          Para que acordar-te
com o
         relâmpago
                        de mais um telegrama
3
O mar se vai
o mar de sono se esvai
Como se diz: o caso está enterrado
a canoa do amor se quebrou no quotidiano
Estamos quites
Inútil o apanhado
da mútua dor mútua quota de dano
4
Passa de uma você deve estar na cama
À noite a Via Láctea é um Oka de prata
Não tenho pressa para que acordar-te
com relâmpago de mais um telegrama
como se diz o caso está enterrado
a canoa do amor se quebrou no quotidiano
Estamos quites inútil o apanhado
da mútua do mútua quota de dano
Vê como tudo agora emudeceu
Que tributo de estrelas a noite impôs ao céu
em horas como esta eu me ergo e converso
com os séculos a história do universo
5
Sei o puldo das palavras a sirene das palavras
Não as que se aplaudem do alto dos teatros
Mas as que arrancam caixões da treva
e os põem a caminhar quadrúpedes de cedro
Às vezes as relegam inauditas inéditas
Mas a palavra galopa com a cilha tensa
ressoa os séculos e os trens rastejam
para lamber as mãos calosas da poesia
Sei o pulso das palavras parecem fumaça
Pétalas caídas sob o calcanhar da dança
Mas o homem com lábios alma carcaça.
(tradução:  Augusto de Campos


-- 
Matheus Acosta

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