Sabrina Schultz
Segue reportagem do jornal F. de São Paulo (05/06/2009)
Professores da USP iniciam greve hoje
Presença da PM no campus é o motivo principal alegado pelos docentes para aderir ao movimento grevista iniciado por funcionários
Desde o dia 3, policiais estão permanentemente na USP; segundo a universidade, função deles é evitar que grevistas bloqueiem prédios
TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os professores da USP decidiram aderir a partir de hoje à greve de funcionários da universidade, iniciada em 5 de maio. Segundo os docentes, a adesão é uma resposta à entrada da Polícia Militar no campus, nesta semana, para conter piquetes de grevistas. Na segunda-feira, 150 policiais militares, incluindo membros da Força Tática -espécie de tropa de choque armada-, estiveram na universidade para cumprir um mandado de reintegração de posse pedido à Justiça pela reitora Suely Vilela.
Os agentes agiram para desbloquear a entrada do prédio da reitoria, que estava fechada havia uma semana por funcionários grevistas, com o objetivo de impedir a entrada de colegas que não aderiram à paralisação. A ação da PM se estendeu para outros seis prédios bloqueados desde o início da greve.
Na terça-feira, os grevistas voltaram a fechar os prédios, o que provocou, no dia seguinte, a volta dos PMs. Desde então, a polícia permanece no campus. Revoltados com a presença de policiais na USP, o que consideram uma atitude autoritária por parte da reitora, professores realizaram ontem uma assembleia extraordinária.
Com 120 pessoas, o ato registrou a maior presença de docentes desde o início da greve dos funcionários -há 9.000 professores da USP na capital. As reivindicações foram, entre outras, a reabertura imediata das negociações com o Cruesp (conselho de reitores da USP, da Unesp e da Unicamp) e o fim de processos administrativos contra alunos e funcionários que participaram de outras greves.
A atual paralisação foi iniciada em meio à campanha salarial de funcionários das três universidades estaduais paulistas. Eles pedem reajuste de 16% mais um aumento de R$ 200 fixos. O Cruesp oferece 6,05%. Na tarde de ontem, os alunos também manifestaram o seu descontentamento com a presença da PM no campus com um protesto em frente à Fuvest (Fundação Universitária para o Vestibular). Eles pediram ainda o fim da Univesp, programa de ensino à distância das universidades estaduais.
Por 40 minutos, estudantes chegaram a fechar a portaria principal da universidade, impedindo a entrada de carros. A Força Tática foi chamada, o que deixou a situação mais tensa, mas não houve confronto. Em seguida, os estudantes se reuniram em uma assembleia em frente à reitoria, onde decidiriam sobre a adesão à greve. Até a conclusão desta edição, a reunião não havia terminado.
A USP afirma que a entrada da polícia no campus foi uma decisão da Justiça, que concedeu o mandado de reintegração de posse, cumprido em 1º de junho. Segundo a universidade, os policiais retornaram porque os grevistas voltaram a fechar prédios, descumprindo a determinação judicial.
Por meio de nota, o Cruesp afirma que só voltará a negociar após o fim dos piquetes. Já os professores, alunos e funcionários afirmam que só voltam a conversar com o Cruesp quando a PM sair do campus. As negociações foram suspensas no dia 25, quando um grupo de estudantes invadiu a reitoria após alguns deles e um funcionário serem barrados em uma reunião.
Colaborou LAURA CAPRIGLIONE, da Reportagem Local
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